Aiegueira

Areca, Areca cathecu Linneo, Família das palmeas.

Aiegueira

    História Natural. A Areca é uma espécie de palmeira, cujo cume termina em feixe de folhas semi-abertas e compridas de quase dez pés. Estas folhas abarcam umas às outras na sua base por meio de uma bainha, cujas bordas superiores parecem franjadas ou tecidas de fibras laxas que se cruzam à maneira de talagarça grossa. Um pouco por baixo deste feixe de folhas, saem algumas espatas de comprimento quase de três pés, inchadas no meio, lisas, verdoengas e que, abrindo-se, dão o nascimento a panículas ou espádices de flores esbranquiçadas. Não somente cortam a madeira do tronco da Areca para fazerem calhas e tubos, mas também para lhe tirarem o repolho ou olho de cima. Quando a árvore está no chão, cortam-lhe a cabeça dois ou três pés e meio por baixo do lugar onde nasce o feixe das folhas, e depois que tiram o exterior desta parte, acham-se-lhe no centro o repolho, composto de partes folhosas arranjadas em forma de leque fechado, brancas, tenras, delicadas, o qual costuma-se comer. Quando se entrega ao estado de dessecação, então torna-se uma bucha filamentosa sem suco e sem utilidades. Os naturais do país usam ainda da Areca para outro modo de sustento. Quase todas estas árvores, logo que estão cortadas, atraem de muito leve uma grande multidão de escaravelhos pretos, que se introduzem por baixo da casca na parte menos dura, e ali depositam os seus ovos que produzem larvas grossas de uma polegada. Os que delas gostam se regalam depois de as assarem, enfiadas em pequenos espetos de pau. Por meio de uma incisão feita no tronco da Areca, obtém-se um vinho muito apreciado, mais do que o do coqueiro das Índias ou da Bahia, que se não faz vinagre senão passados três dias (ver Panorama). A Areca foi plantada no Jardim da Lagoa de Freitas em 1812, sendo transportada da Ilha da França pelo chefe da divisão Luiz de Abreu. É uma das palmeiras que facilmente pode-se propagar no Brasil, por ser de clima quente da Índia. O seu tronco é perfeitamente direito, alto, de mais de trinta a quarenta pés, nu e, em todo seu comprimento, marcado por anéis circulares, os quais são as cicatrizes das folhas antigas. Os frutos são de uma cor amarela dourada, do tamanho de um ovo de galinha, contendo uma amêndoa redonda, ovoide e cônica inodora.

    Análise Química. O Sr. Morin de Rouen fez a análise da amêndoa da Areca, e extraiu tamino, ácido galico, glutina, uma matéria vermelha insolúvel, óleo gordurento, goma, oxalato de cal e lenho (ver Jl. de Pharm, t.8, p.449)

    Propriedades. O Linneo supôs que a palmeira Areca dava Cachondé, o qual provém de uma acácia da família das leguminosas, e, por tal motivo, deu-lhe o nome de Areca cathecu. Os índios apreciam muito a noz da Areca, que eles partem e cujos pedaços mastigam  misturados com as folhas do Piper Betel e salpicados de cal viva. Outros cortam a noz em pedacinhos, a maceram dentro da água de rosas, junto com uma infusão de Cachondé e depois a deixam secar ao sol. Esses fragmentos servem para fortificar as gengivas e para dar um hálito agradável. O mastigatório composto de noz da Areca, de folhas de Betel e de cal sustenta as forças extraídas pelo calor intenso tropical; ele torna a saliva rubra, tinge a boca e causa uma certa embriaguez à primeira vez que se faz uso dela. Anislie, na sua “Matéria Médica das Índias”, diz que se faz com a noz um electuário líquido, do qual se toma uma xícara por dia para vencer a rebeldia do ventre nas afecções nervosas, dispepsias e outras do tubo intestinal.

 

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