Marfim vegetal

Phytelephas macrocarpa, Phytelephas microcarpa Ruiz e Pavon, Cabeça de negro, Tagua, Elephantusia Wildenow, Família das pandaneas

Marfim vegetal

   História Natural. Os botânicos espanhóis Ruiz e Pavon deram o nome genérico de Phytelephas ou Planta elefante e distinguiram duas espécies: Phytelephas macrocarpa ou a da fruta grande, e a Phytelephas microcarpa ou a da fruta pequena, uma planta que eles julgaram ser palmeira, que, porém, R. Brown coloca na família das Pandaneas. Encontra-se o vegetal no Peru, nos bancos da Magdalena na república da Colômbia, na América do Sul e nas margens do Rio Madeira, no Brasil. São duas plantas arborescentes de grande elegância, cujo porte é o das palmeiras, as quais são coroadas de folhas pimadas, muito compridas. As flores são hermafroditas, privadas de cálice e de corola; de estames numerosos cujas anteras são quase em linha espiral; estilete de cinco divisões; muitas drupas monospermas, guarnecidas de pontas. Flores masculinas semelhantes às flores fêmeas, porém privadas de pistilo e com estames numerosos e apertados.

    Análise Química. Bahumauer, nos Annais de Chimica de 1849, depois de examinar a semente do Phytelephas; Connel no Relatório Anual de Berzelius, em 1846, dá a seguinte análise do Marfim vegetal: Goma 6,73; legumina 3,80; albumina 0,42; óleo gordurento 0,73; cinzas 0,61, água 9,37 e celulose endurecida 81,34; total 103,00.

    Propriedades. Segundo a nota do Sr. Lankester, o albúmen das sementes é de tal modo branco e duro que se lhe deu o nome de Marfim vegetal; mesmo a  germinação não as amolece. A fruta tem o tamanho de uma noz, privada de seu invólucro exterior que é liso, a amêndoa oferece a cor, a solidez e o lustre do marfim. Ela é comestível quando é recente, no estado lácteo. Os animais selvagens nutrem-se da fruta, cujo miolo é semelhante ao do coco da bahia, só que mais duro. Os índios cobrem suas cabanas com as folhas do Phytelephas. A fruta contém, a princípio, um líquido claro e insípido, que serve para matar a sede aos viajantes. No fim de algum tempo, este líquido torna-se esbranquiçado, com aspecto de leite e doce, mudando assim o gosto gradualmente; sua consistência sofre também modificações graduais até adquirir a dureza do marfim. O líquido contido nos frutos ainda não sazonados torna-se ácido, quando é cortado da árvore e guardado por algum tempo. Do miolo, os índios fazem fusos e diversos brinquedos que ainda são mais claros do que o marfim e tão duros como ele. Posta dentro da água por algum tempo, esta substância amolece, mas readquire a consistência pela dessecação. Completamente seca, com ela fazem-se trabalhos de torno, caixinhas, estojos e tem sido ensaiado na França ultimamente fazer dentes falsos.

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