Aiapana

Japaina, Ampana, Aiapaina, Yapana, Ayapana oficinalis Spach, Eupatorium Ayapana Ventenat, Eupatorium triplinerve Vahl, Syngenesia Polygynea, Família das synanthereas

Aiapana

   História Natural. Planta indígena do Brasil, oriunda das margens do rio Amazonas, donde o naturalista A. Bauhin a levou para as Índias Orientais. Arbusto pequeno, glabro, muito ramoso,cujas hastes são direitas, firmes, delgadas, com altura de três pés. Os ramos são guarnecidos de folhas quase sem pecíolos, muito inteiras, lanceoladas, compridas de duas a três polegadas, largas de uma, tendo cheiro de hortelã, glabras em ambas as superfícies, muito agudas por cima, estreitas na base, com nervuras salientes por baixo; as folhas inferiores são opostas, as superiores alternas. As flores são cor de rosa púrpura, dispostas em corimbo terminal; os cálices quase singelos, com folíolos desiguais e flores numerosas.

   Análise Química. O professor Alibert recomendou o exame da planta ao químico e farmacêutico Cadet. Resultou do trabalho que o cozimento das folhas fornece um extrato denegrido, de cor herbácea, ligeiramente aromático e de sabor igual. A planta contém um princípio adstringente que provém do ácido gálico e da presença do tamino. Mais tarde fez-se outra análise, da qual resultou o seguinte: matéria gordurenta solúvel dentro do éter; óleo essencial em bastante porção; princípio amargoso; alguns vestígios de amido e açúcar. (Waflart, Journal de Pharmacie, janvier, 1829)

    Propriedades. No decurso de uma epidemia de febres malignas que grassou em Pernambuco no tempo do Vice-Rei D. Fernando, introduziu-se o uso geral do cozimento das folhas de Aiapana que foi de grande proveito. Em 1798, o pai do Sr. Luiz Gomes de Oliveira Tissão, teve ocasião de presenciar na cidade de Olinda um caso de envenenamento em frades de uma ordem religiosa. Eles foram envenenados por um cozinheiro leigo, que lhes administrou rosalgar com as comidas. Fez-se na mesma ocasião uso do cozimento das folhas, e tais foram os suores e dejeções que os frades se salvaram. A virtude sudorífica da planta foi mais tarde autenticamente reconhecida em várias epidemias de cólera-morbo na Índia e, ultimamente, em Gênova. Parece acertada a tal virtude e um tanto duvidoso o proveito que se asseveram obter administrando o suco fresco com o intento de curar as mordidas de cobra. Agostinho Bauhin propagou a planta em 1797, nas Ilhas de França e de Bourbon, tal era a reputação da Aiapana como uma panaceia universal. Mr. de Céri procurou multiplicá-la o mais possível para satisfazer os peditórios; era sobretudo um eficaz remédio para curar os tétanos. Porém, pouco a pouco multiplicadas observações convenceram o público de que não só a planta não curava o tétano, como também era ainda fraco meio terapêutico para fechar as feridas provenientes de animais venenosos. No Brasil de hoje, a planta Aiapana é pouco procurada não merecendo, todavia, esquecimento nem desprezo. Pelo contrário, a matéria médica deveria aceitá-la como um poderoso recurso nas febres de caráter grave, pois ela provoca suores copiosos e seu sabor aromático divulga uma propriedade antiespasmódica. Cumpre igualmente repetir as experiências de Mr. Siébes, naturalista enviado para o Brasil no princípio deste século. O Dr. Siébes aplicava o suco fresco imediatamente sobre a mordidela, e impedia a supuração de manifestar-se, fazendo ceder a inflamação e o inchaço com este simples meio. A recomendação dos curandeiros nas províncias do Norte consiste em dar internamente o chá das folhas enquanto se cobrem as feridas com as folhas pisadas e colocadas sob panos molhados com um cozimento carregado de folhas. Muitos fazem o chá com duas onças de folhas verdes e uma libra de água fervente; a bebida, ligeiramente aromática, tem agradável sabor, sobretudo quando se lhe juntam açúcar e sumo de limão. Obtém-se das folhas um xarope purgativo, cujos efeitos não são drásticos. É certo que a Aiapana tomada em largas doses nas febres graves provoca suores abundantes e dejeções alvinas, o que explica as maravilhas na epidemia de Pernambuco e na cura dos frades de Olinda. Alguns médicos de Gênova recomendam hoje, em vez do chá da Índia, o uso do chá da Aiapana que possui algumas virtudes da planta chinesa e que desenvolve, além de um sabor amargo, um aroma de fava tonca. O professor Alibert limitou-se a dar o conselho de empregar a infusão nas afecções escorbúticas ligeiras.

 

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