História Natural. Planta sem caule, sua raiz grossa dá um suco leitoso e suave; suas folhas são grandes, pecioladas, em forma de coração, sagitadas, quase triangulares, com os ângulos ou lóbulos posteriores um pouco divergentes e pontudos. Os pecíolos são alargados na parte inferior por uma membrana em forma de bainha, as folhas são de um verde pálido, ou bem de uma cor roxa escura em uma variedade da planta, as hastes são mais curtas que os pecíolos, nascem da mesma raiz; as flores são de cor purpurina. Provém do seu cálice um pistilo espesso que se cobre de frutas; a semente raras vezes torna-se madura. É planta de lugares úmidos, beira de rios, sítios alagadiços e de morros onde correm águas.
Análise Química. A raiz seca contém óleo gordurento, matéria extrativa semelhante ao açúcar de cana; goma, amido, água, bassourina. As cinzas contêm carbonato de cal e de potassa.
Propriedades. Planta esculenta; frutas adstringentes; o cozimento é proveitoso para a cura da disenteria; a raiz fresca é acre, porém seca perde a sua acrimônia. Receita-se uma oitava de raiz seca em pós com igual porção de açúcar e canela para curar a clorose e os enfartos abdominais. Obtém-se da raiz seca uma excelente farinha que é remédio calmante para debelar as azias de estômago; toma-se a farinha em mingaus ou prepara-se em emulsão. A mesma serve para cataplasmas emolientes. As folhas de Mangarito são detersivas quando aplicadas sobre úlceras inveteradas. O suco é bom para impedir, introduzido nas ventas, o maior desenvolvimento dos pólipos. Comem-se os Mangaritos cozidos só ou com melado ou calda de açúcar; também se faz deles uma sopa que tem seu lugar como variedade. Colhe-se o Mangarito quando tem a folha amarela. Costuma-se plantar em agosto e outubro em covas ao pé dos carazes, ou pelas margens dos caminhos; sua cabeça forma uma pinha; tiram-se todos os margaritos em redor, no centro fica a batata que se retalha em pedaços, de forma que em cada um deles haja uma parte de fora; enterram-se no mês em que se planta o cará.