Mangabeira

Mangaiba Pison, Arbor prunifera brasiliensis Marcgrave, Mangaba, Ribeira sorbilis Arruda, Hancornia speciosa Gomes, Família das apocyneas

Mangabeira

    História Natural. Folhas lineares, lanceoladas, glabras por ambas as faces. Pecíolos mais curtos que as folhas; flores pedunculadas, pedúnculos mais curtos que a corola, solitários, comumente uniflores; baga unilocular e polisperma. A mangabeira é árvore de mediana grandeza, de folhas miúdas e pontadas, flor como Jasmim, ramosa, lactescente, assemelhando-se muito com as ambelanias descritas pelo Aublet. A fruta é redonda de vários tamanhos num mesmo ramo, a casca amarelada e avermelhada. A polpa branca extremamente mole com várias pevides cobertas de cotão. O lenho, a flor, a mesma fruta, quando partidas, destilam um leite alvo e pegajoso. “Esta árvore vegeta bem", diz Arruda, "em terras arenosas dos tabuleiros dando frutos de variado tamanho, desde o de ovos de pomba até o de franga, a sua cor é amarela esverdeada, salpicada de encarnado; são quase de consistência de sorvas, mas muito mais saborosos, e assaz conhecidos nos mercados de nossas praças de Pernambuco e Bahia”. "As mangabas," diz Bernardino Gomes, "depois de maduras são amareladas, mas pela parte exposta ao sol são mais amareladas e pintadas de encarnado; têm, além disso, um cheiro que não é desagradável, e um sabor doce e ligeiramente amargo, e um tanto adstringente, todavia muito agradável." Esta fruta é  comestível e, ainda que se coma muito, não faz mal segundo afirmam Pison e Marcgrave, e atesta a minha pouca experiência. Cumpre advertir que esta fruta nunca amadurece na árvore; quando cai ou se colhe da árvore, é dura e abunda de um leite viscoso. Passados, porém, alguns dias faz-se tão mole, que se desfaz na boca. A Mangabeira floresce pelo verão no Rio de Janeiro, onde se cultivam alguns pés enquanto ela vegeta muito na Bahia e nas províncias do norte.
    Análise Química. O leite viscoso que se tira por incisão tanto das Mangabas verdes como da casca da Mangabeira coalha-se e dá uma espécie de goma elástica como a que vem do Pará, com a diferença de ser menos elástica (Bernardino Gomes). A fruta contém um suco gomoso, sacarino, ácido e vinhoso. O extrato da casca é sem cheiro, de cor amarela escura, de um sabor amargo, dissolve-se totalmente dentro do álcool, contém matéria extrativa, albumina e pequena porção de tanino.
   Propriedades. Enquanto a fruta está dura, faz-se de doce; neste estado, usa-se nas sobremesas. Preparam-se várias formas de doces de mangabas, é produzido nas províncias do norte para o consumo do Brasil e também para se exportar parte para a Europa. Em medicina, usa-se do xarope de mangaba para curar a disenteria. O emprego tem sido feliz em muitos casos. As frutas pisadas passam à fermentação espirituosa e desta à azetosa, convertendo-se o seu suco em tempo curto em ótimo vinagre, mais forte do que o das uvas. Empregam-se no curativo da disenteria o vinagre ou o xarope, em doses refratas, misturado-os com os cozimentos apropriados. A cultura da Mangabeira tem se generalizado nas províncias do norte, e ela tem melhorado as frutas etc. O Rio de Janeiro conta poucos troncos de Mangabeira, cuja madeira não se utiliza. A cultura das Mangabeiras hoje é muito extensa na Bahia, em Alagoas e demais províncias do norte. O nome de Hancornia dado pelo Bernardino Gomes, foi homenagem ao almirante inglês Hancom e o de Ribeirea, consagrado pelo Arruda, foi tributo de gratidão pago ao seu discípulo o Padre João Ribeiro Pessoa Montenegro que aperfeiçoou a cultura das Mangabeiras no distrito de Olinda.

 

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