Maçaranduba

Mata-mata, Eschweilera grandiflora Martius, Massaranduba, Mimusops balata Freire Allemão, Cerasus brasiliensis, Massarandiba Marcgrave, Família das sapotaceas

Maçaranduba

    História Natural. Árvore das províncias litorais do Brasil que se encontra no Rio de Janeiro, na Bahia até no Pará. Pertence ao gênero Mimusops que tem os seguintes caracteres: “cálice monossépalo de seis a oito divisões dispostas em duas fileiras, corola monopétala cujos lobos são colocados igualmente em duas filas. Seis a oito estames; ovário de seis a oito septos; fruto unilocular contendo uma semente única, quase óssea, guarnecida de um endosperma”. “A Massaranduba verdadeira”, diz Balthazar da Silva Lisboa, “é uma árvore de alta grandeza, cresce de cem a mais palmos de comprimento, com cinco a doze e mais de grossura; as suas raízes são grossas e horizontais; de cor parda cinzenta; coroa-se com ramos de galhos alados pardo-escuros, acinzentados, nas pontas verde-claras; as folhas são opostas, verdes pela frente, e verde-claras pelas costas, ovais, terminadas em pontas. Pela conjunção dos ramos, nascem as flores e os frutos; o cálice é de uma peça, dividida no seu limbo em cinco partes, redondas, de cor verde gaio; a corola é branca, monopétala, inserida sobre o ovário, a roda de um disco, em cinco partes divididos, que formam um tubo comprido, inchado na extremidade inferior, dividido no ápice em cinco lobos iguais, contendo cinco estames situados sobre a parede interna e superior do tubo abaixo das suas divisões; os filetes são pardos e curtos, cobertos de anteras compridas e brancas. Sobre o ovário, que é um corpo cilíndrico, está o pistilo terminado por um estigma em forma de forquilha, unido ao cálice, coroado de um disco, de cujo centro sai o estilo branco; o fruto é semelhante  a uma cereja, coberto de uma película grossa. Quando o fruto não está maduro, é quase encarnado, depois perde aquela cor quando amadurece e fica de um roxo escuro, composto de um licor lácteo, dulcíssimo, que cobre duas sementes chatas e luzentes. Existe uma variedade da árvore chamada Massarandu-apraiu, cuja cor é mais avermelhada e tem as mesmas dimensões e préstimos.

    Análise Química. Poucos estudos têm sido feitos acerca da composição do suco leitoso de certas sapotáceas. A recente descoberta da Gutta percha, espécie do gênero Isonandra, o qual é vizinho do gênero mimusops, ambos da mesma família, faz-me suspeitar que o leite da árvore massaranduba possui as idênticas propriedades da Gutta percha, matéria que pela imersão na água fervente toma como barro todas as formas possíveis. Depois de esfriar, torna a ser dura, rígida. A casca da Massaranduba contém boa porção de tanino.

    Propriedades. Diz o Gabriel Soares de Souza que a fruta é esculenta. Quem a come em abundância tem os bigodes grudados com o sumo dela, que é muito doce e pegajoso. Para os índios colherem esta fruta, cortam as árvores pelo pé como fazem a todas que são altas. Atribui-se virtude nutriente, peitoral e emoliente à mesma fruta. Pison reputa a emulsão feita com o suco lácteo um excelente remédio para curar o resfriamento do peito. O leite do tronco e dos ramos é saboroso e torna-se visgo por ser condensativo (Baena, p.48). “São naturais as Maçarandubas”, diz Gabriel Soares (Cap.46), “da vizinhança do mar; acham-se muitas de trinta e quarenta palmos de diâmetro de que se fazem gangorras, mesas, eixos, fusos, virgens, esteios e outras obras dos engenhos. A madeira é de cor de carne de presunto e é muito pesada. São árvores tão compridas e direitas que se aproveitam do grosso dela de cem palmos para cima e nunca se corrompem”. Usa-se o tronco das árvores para sobrequilhas de navios; fazem-se também cossueiras, tirantes, vigas e estacas de cercas.

 

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