Louro comum

Laurus nobilis Linneo, Laurus vulgares Bauhim, Família das laurineas

Louro comum

    História Natural. Arbusto que provém da África setentrional e que se propagou desde os tempos antigos na Ásia, Grécia, Itália e em várias partes da Europa, de onde foi transplantada para os dois continentes do hemisfério americano. Cultiva-se o Louro comum no Brasil. Ele reclama uma constante regadura em tempo de calores. O arbusto eleva-se de oito a dez pés, tem folhas persistentes, lanceoladas e venosas. Elas variam notadamente a ponto de constituírem algumas variedades da espécie primitiva. Assim, possuem uma de folhas grandes, uma de folhas onduladas, sobre a borda e crespas e uma terceira de folhas muito estreitas. A cor das folhas conserva-se verde mais ou menos escuro. As flores dioicas são pequenas de cor branca amarelada, dispostas juntas em porção dentro das axilas das folhas sobre pedúnculos curtos. As flores fêmeas sucedem as drupas ovadas de cor azul denegrido quando maduras. Flores hermafroditas ou dioicas, perigono de cinco a seis divisões iguais e profundas, seis a doze estames dispostos sobre duas fileiras. As externas fecundas, as internas alternativamente férteis e estéreis. Ovário com estilo singelo. Drupa contendo uma noz monosperma.

    Análise Química. Óleo volátil obtida pela destilação das bagas com água 0,80; substância cristalina chamada Laurina 0,50; óleo gordurento verde 6,40; gordura cristalina 3,50; resina mole meio fluida 0,80; amido 12,95; goma 8,60; mucilagem vegetal 3,20; açúcar não cristalizável 0,20, vestígios de albumina vegetal 9,40; cinzas salinas 0,72; água 3,20; 50,27. (Bonastre Jl. de Pharmacie, t.X ).

    Propriedades. O tronco do arbusto apresenta-se unido sem nós; a casca é espessa e a madeira porosa. As folhas deitam um cheiro aromático, o sabor é acre, os frutos são do tamanho quase de uma cereja, denegridos, cheirosos, oleosos e aromáticos. As  folhas reputam-se estimulantes carminativas e pediculares. As bagas são compostas de um pericárpio suculento, muito delgado e de uma semente volumosa formada de um episperma com figura de cápsula delgada e de uma amêndoa de dois lobos arruivados, de sabor acre e aromático. O fruto contém dois óleos: um gordurento, outro volátil que se acham misturados dentro do pericárpio da amêndoa. O pericárpio contém maior poção do primeiro, e a amêndoa encerra mais do segundo. Obtém-se os dois óleos com uma forte expressão quente e com uma ligeira ebulição dentro de um alambique. O produto é de cor verde e bela, muito aromático, granulo, da mesma consistência que a do azeite de oliveira congelado. O óleo de Louro serve para banhos, loções, fomentações para resolver tumores indolentes. Tomado internamente como digetivo, é capaz de fortificar o estômago. O óleo gordurento, que tem a consistência da manteiga e de cor esverdeada, entra na composição de vários medicamentos, tais como o bálsamo de Fiosarenti, o eletuário de bagas de louro etc. O chá das folhas é excelente digestivo muito superior ao chá de macela. A medicina antiga empregava muito o louro, e a medicina moderna tem quase abandonado o seu emprego terapêutico, e deixa aos cozinheiros e aos fabricantes de perfumes o cuidado de manter o seu uso para temperar carnes, para adubos, para confeitos e aromatizar cosmésticos. O Dr. J. Roques, na sua estimada obra "Nouveau traité des plantes usuelles", diz no t.3, p.334, fala do Louro comum: "misturam-se o óleo e a cânfora ao álcool, fazem-se linimentos para debelar o torpor e as fraquezas musculares. As folhas deitam um aroma suave quando se queimam. Elas servem para fumigações que acalmam as dores gotosas e reumáticas. O  Louro comum desceu de sua alta posição para tomar assento na arte culinária, servindo para tempero de molhos, de adubos e, sobretudo, para o escabeche. O  Louro comum e o timo são quase inseparáveis, eles se unem para ressaltar o sabor de certas carnes, peixes e verduras. Em uma palavra, o Louro comum é hoje um tempero que não se deve prodigalizar, e que serve para despertar as funções do estômago e coadjuvá-las enquanto enfraquecem".

 

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