Losna

Artemisia abstynthium Linneo, Class. Syngenesia, ord. Polygamia superflua, Família das corymbiferas

Losna

    História Natural. Planta dos países frios, a Losna foi transplantada cedo para o Brasil e encontra-se nos jardins das principais cidades e vilas do Império. “A sua raiz é perene, comprida e fibrosa. O tronco é roliço, arregoado, um tanto sedenho, lenhoso, erguido, alto de dois para três pés, copado de muitos ramos. As folhas são compostas, divididas em muitos segmentos, embotados, ou despontados como empenados e por baixo penugentos, de uma cor esbranquiçada ou verde pálida e brandamente ensedecidas. Flores de uma cor amarela, parda, situam-se pendentes em inumeráveis, pedúnculos alternadamente nos ramos. O cálice compõe-se de muitas escamas ovais. São hermafroditas e masculinas inseridas em um receptáculo aveludado. Na estrutura ou feitio das duas partes diferentes, se aproxima muito da Artemija” (Frei Vellozo).

     Análise Química. A análise química feita por Braconnot encontra óleo volátil, resina verde, resina amarga, albumina, goma, matéria azotada, fibra lenhosa, absintato de potassa, nitrato e sulfato de potassa, cloridrato de potassium, água (Bulletin de pharmacie, 1813). As cinzas da Losna fornecem cloreto de potassium 3, sulfato de potassa 1, carbonato de cal 59, albumina 5, sulfato de cal 5, sílica 4, óxido de ferro 3, perda 3, total 90. A análise do cozimento de Losna constitui-se dos seguintes ingredientes: resina seca 48,00, cloreto de potassium 12,00, ácido vegetal 50,00, combinação de ácido vegetal e de potassa 2,14, total 112, 14 (Kuns Muller, Annais de Chimie, t.6). Mr. Kirwan diz que mil arratéis de cinza de Losna dão 748 de produto salino. Se esta planta, observa Frei Vellozo, pelos lugares em que espontaneamente cresce mostra não exigir maior cultura, se as suas cinzas rendem três partes do seu peso em salino, parece que deve merecer toda a contemplação dos que houverem de formar potassarias. (Flora Allografica, p.210)

    Propriedades. Costuma-se receitar a Losna no Brasil para combater a presença das lombrigas, e curar numerosas lesões das vias digestivas tão comprometidas pelo regime que as várias classes do país seguem em prejuízo de sua saúde. A sua propriedade amarga faz com que se receite vulgarmanete em chá, ou que se tome a tintura alcoólica misturada com água fria para vigorar o estômago e despertar a vontade de comer. A Losna goza de virtude antifebril e pode se fazer uso dela para debelar as febres intermitentes de caráter benigno. Melhor proveito tem se tirado do seu emprego para o curativo da hidropisia. Antigamente os clínicos a receitavam misturada com o vinho branco, porém seu modo de operar era devido à presença do nitrato de potassa que ela contém em boa porção. O sabor amargo da Losna foi julgado de grande valor para curar a gota, para desafiar a menstruação e remediar as nevralgias do estômago e do baixo ventre, porém tão importantes virtudes terapêuticas são quase desmentidas pela experiência clínica. Segundo Giacomini, “a ação hipostenizante da Losna pode se estender pouco, mais ou menos, sobretudo no aparelho circulatório. Todavia os efeitos são demorados enquanto os sobre o estômago são rápidos. Parece que os nervos dos gongliões que se cruzam  com os vasos simpáticos ou chiliferos experimentam  os efeitos da Losna logo que a substância é posta em contato e que tem sido tranformada em linfa ou chylo. Nenhuma parte da Losna opera uma ação mecânica. Pode-se dizer que a planta, em vez de ser adstringente, é pelo contrário emoliente. Sabe-se que Catão contava que os viajantes pedestres levavam um ramo de folhas de Losna ao redor do ânus para livrar-se das escoriações e rachaduras na pele. Receita-se o chá de Losna mais vulgarmente, costumam-se prescrever os pós, o suco fresco, o extrato, a tintura alcoólica, vinhosa e aquosa da mesma planta.A dose dos pós é de um escrópulo até uma oitava. Faz-se a infusão quente com os grelos e melhor com as folhas na dose de meia onça ou uma onça para uma libra de água. Administra-se o extrato na dose de dez a trinta grãos, a tintura na dose de uma a duas oitavas e a tintura aquosa na de sessenta gotas. Fazem-se com a Losna cerveja,  conserva amarga e cataplasmas para curar as dores articulares. Em todas as preparações farmacêuticas, empregam-se as folhas pois elas, segundo a observação de Cullen, encerram maior porção de óleo essencial, o qual dá uma cor verde. A Losna entra nos remédios conhecidos como a Água vulnerária, o Bálsamo tranquilo, etc.

 

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