Linho

Linum usitatissimum Linneo, Família das linaceas

Linho

    História Natural. Cultivado a cada passo nas províncias do sul, assevera Martius (Matéria Médica Brasileira), o linho é planta originária da Ásia, de onde foi propagada por toda a Europa e pelo continente americano. A raiz é delgada, perpendicular, dando um talo singelo, cilíndrico, alto de dois a três pés, ramos no cume, glabro em todas as partes da planta. As folhas são rentes, lanceoladas, agudas, inteiras, marcadas por três nervuras longitudinais, de cor verde glauco; as flores são de cor azul claro, encimadas no cume das ramificações do talo; cinco estames, igual número de estigmas; a fruta é uma cápsula globulosa, cercada na base pelo cálice e contendo sementes ovóidas, achatadas, lisas e lustrosas. Existem muitas variedades de linho nos países que se dedicam a sua cultura; algumas conseguem maior altura e dão sementes de superior qualidade; os linhos quentes ou tetard, frio ou linho grande e o mediano são as mais notáveis variedades.

    Análise Química. Segundo Vauquelin, a mucilagem da semente de linho contém uma substância gomosa, uma substância animal, ácido acético livre, acetatos de potassa e de cal, sulfato e muriato de potassa, fosfato de potassa e de cal e de sílica. Meyer analisou a semente seca, na qual achou mucilagem com sais, extrativo doce, amido e sais, cera, resina mole, matéria colorante, resina, albumina, glúten, óleo gordurento, emulsão e casca (Journal de Chimie Médicale, t.4).

   Propriedades. A cultura do linho carece de muitos cuidados para se obter boas colheitas, da escolha do terreno, da estação e da qualidade das sementes. Esses são os preceitos da sementeira que os agrônomos recomendam aos lavradores. Convém nos países quentes ou temperados semear o linho quando o terreno  for  seco e arenoso, algum tempo antes da estação das chuvas para favorecer o desenvolvimento da planta. Carece muito fazer boa escolha das sementes, as mais frescas e grossas, pois sendo elas muito oleaginosas  tornam-se rançosas em breve tempo. Semeia-se  o linho do mesmo modo que o trigo. É necessário limpar as terras para prevenir a invasão das ervas nocivas. A colheita tem lugar quando amadurece o linho, o que se sabe ao abrirem-se espontaneamente as cápsulas. Alcançam-se facilmente as sementes, batendo as cápsulas com feixes de varas; limpam-se depois com jocira e crivo para serem livres de qualquer fragmento das cápsulas. Do tecido cortical da planta, tirando a goma que envolve e penetra o tecido por meio dos mesmos processos que são aplicados ao Cânhamo, fabricam-se linho, cordas, tecidos, panos, cambraias grossas e transparentes, e quando são usados todos esses preparos da indústria, eles ainda servem para fios. Em medicina, o emprego do linho é universal como nas artes industriais. As sementes naturais cozidas fornecem um cozimento viscoso, espesso que se receita vulgarmente para banhos, clisteres, injeções, lavagens nos casos de inflamação da pele ou das membranas mucosas tendo em vista acalmar, lubrificar e amolecer as partes enfermas. Para bebida, o chá simples ou infusão das sementes basta como emoliente por conter a mucilagem do invólucro da semente. O óleo provém da amêndoa, sua cor é esverdeada, sem cheiro, espesso e seca logo. A sua propriedade é laxativa. Gesner assevera que o óleo é poderoso remédio contra o pleuris. Administrando pequenas doses e misturadas com xarope de alttida. Sydenham e Baglivi o davam nos casos de inflamação do estômago e intestinos. Van Swieten e de Haen administravam-no  contra a cólica metálica chamada cólica dos pintores, internamente e em clisteres. Gossi e Planchon a recomendam para acalmar os acessos de hemorragia pulmonar. Para linimentos, o óleo é ótimo agente. Nas artes, o óleo tem variado emprego: o seu maior consumo provém da pintura por ser essenciamente fácil para secar  e tornar os vernizes lustrosos e duradouros. De todas as preparações, a farinha do linho tem a mais geral extração para compor cataplasmas emolientes e sedativos. Porém, é mister escolher sementes que não estejam rançosas para não serem nocivas pois tem se observado mais de um caso de irritação da cútis, e mesmo ligeiras erisipelas causadas pela aplicação de farinhas já fermentadas. No Brasil, ocorre frequentemente que sendo a linhaça já velha, por chegar a maior parte dos mercados da Europa, os facultativos a substituem, receitando cataplasmas de farinha de pão.

 

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