Jaborandi

Nhandi, Nhandu, Niambi Pison, Pimenta dos índios, Piper unguiculatum Ruiz e Pavon, Família das piperáceas

Jaborandi

   História Natural. Flores em casulo, espádice filiforme, coberto de flores, cálice, corola nulos, duas anteras na base do ovário, estilete nulo, três estigmas híspidos, baga monosperma, talo frutescente, espigas compridas, curvadas de um modo sensível e opostas a cada folha. Esta pimenteira tem raízes que produzem doze hastes direitas, compridas, grossas como o braço, nodosas e articuladas; o lenho é esbranquiçado e frágil; a casca é cinzenta, rugosa e coberta de asperezas verrugosas; ramos e raminhos saem entrecortados de nós, distantes de uma polegada com uma folha única de nove polegadas de comprimento. As folhas são asperas de cor verde claro por baixo, com uma nervura saliente que a atravessa e marcada por muitas veias. A parte de cima tem uma cor verde mais forte. Da frente de cada folha, na inserção do pecíolo da segunda folha, sai uma fruta que imita pela sua configuração uma cauda de lagarto, de seis ou sete polegadas de comprimento; são as frutas cobertas de grãos, dispostos em chombo em anéis estriados.

   Análise Química. As frutas, as folhas e a casca possuem um sabor acre, quente e agradável, devido à presença de um óleo volátil. Encontram-se também resina, matéria gomosa colorida, princípio extrativo amargo e alguns sais.

   Propriedades. Diz o Descourtilz que as folhas e raízes de todas as espécies de pimenteira por serem acres, os índios costumam conservarem tais folhas secas para as empregar em banhos na cura dos inchaços, e sobretudo do leucoflegmasia. Segundo Marcgrave, são receitadas nos casos de odontalgia e no fim das gonorreias, também para dissolver os cálculos renais e os da bexiga. Lê-se no Mapa das Plantas do Brasil, Patriota, julho-agosto, 1814, que o Jarabondi ou Jaborandi “planta vivaz de Minas cuja raiz é de sabor acre inerente e o cheiro aromático é usada como diurética, sudorífica, e alexifarmaca nas febres adenomeningias  renitentes; dá-se em infusões de duas oitavas até meia onça, em seis de água em pó de dez grãos, até meia oitava”. No norte do Brasil, usa-se da raiz fresca contusa e misturada com vinho para excitar as urinas e a transpiração. Os pós das folhas secas, são receitados para provocar a secreção da mucosa do nariz e contam como os primeiros na lista dos errinos, ou medicamentos que se aplicam às fossas nasais. A dose das folhas para os  banhos regula-se de um até dois punhados. Hoje, costuma-se dar o nome de Jaborandi ao Ottonia anisum ou Serronia jaborandi de Gaudichaud e Guillemin; estima-se muito a raiz aromática daquela planta (ver Ottonia).

 

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