História Natural. Palmeira gigantesca das Cordilheiras, que chega perto de duzentos pés de altura, e nasce a uma elevação de nove mil vezes acima do nível do mar. As folhas são muito compridas, com numerosos folíolos, lineares, coriáceas, dobradiças, bífidas no topo, cobertas por baixo de uma seda ou pubescência furfurácea de cor branca prateada; panículas de cinco pés de comprimento, pendentes depois da florescência; espatas solitárias; flores masculinas dodecandras. Baga unicelular, de cor roxa, polpa açucarada de que os pássaros e os esquilos gostam.
Análise Química. Vauquelin analisou a cera que decorre da árvore. Ela forma camada de duas a três linhas de espessura, cujos anéis são provenientes da queda das folhas. A cera contém matéria pura e uma resina amarela que a torna mais quebradiça do que a das abelhas. Mr. Leroy, na Memória sobre a análise das ceras do Brasil, diz que a cera de Ibicuíba apresenta-se sob uns pós de um branco sujo que cobrem a superfície das palmeiras. A cera preparada é de um branco amarelado pouco solúvel no álcool fervente e pelo esfriamento se precipita. Seu ponto de fusão é de 72o. Ela fornece miricica e ácido cerótico.
Propriedades. Esta palmeira cujas folhas são de vinte e cinco pés de comprimento, destila uma cera que se utiliza nos Andes para velas e tochas, misturando-a com terça parte de sebo. A palmeira vive sob uma temperatura cujo meio termo é de dezenove a vinte graus, termômetro centígrado. Portanto, poderia facilmente propagar-se pelas serras de nossas províncias, onde sua cultura seria fácil e muito proveitosa. O comprimento do tronco seria aproveitável para os arsenais da marinha, além dos benefícios da cera, que copiosamente provém da palmeira. Em vez da Palmeira régia da Ilha de Cuba, que figura como árvore de enfeite em algumas chácaras e no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a Ibicuíba cultivada nas Serras de Minas e São Paulo, seria uma cultura preferível, tornando-se uma fonte de produtos úteis à indústria.