Guaranhê

Guranhém, Buranhem, Pau colher, Chrysophyllum buranhem Riedel, Pentandria Monogynia Linneo, Chrysophyllum glycyphloeum Casareti, Família das sapotaceas

Guaranhê

     História Natural. Pison descreveu a árvore que ele chama Ibirace e cujas flores se assemelham ao Loureiro. Árvore de suco leitoso, folhas estriadas transversalmente com nervuras fitiformes, felpudas, pedunculadas, axilares em umbelas singelas, flores pequenas, brancas, baga de cinco a dez septos, sementes grossas, perisperma fino e delgado. Mr. Riedel fez depois conhecer a casca da árvore que é dura, grossa, latescente, de sabor adocicado no princípio, depois amargoso e desagradável, de cor rubra escura e sem cheiro. O Dr. Guillemin observou a árvore no Morro do Corcovado e pensou que fosse do gênero syderoxylon da mesma família. Muitas dúvidas por longo tempo permaneceram acerca da casca que havia poucos anos foi introduzida com o nome de Monesia pelos zeladores da matéria médica na Europa. Hoje a opinião esclarecida declara ser a Monesia a mesma casca do Chrysophyllum buranhem, e não a casca do Rhizophora gymnorrhiza ou do Acacia cochleocarpa.

    Análise Química. A casca que se costuma vender para os mercados geralmente é achatada, espessa, sem fibras, sem camada herbácea, parece composta de uma substância compacta, pesada, cheia de um suco adstringente. Segundo Mr. Henry e Payen, a casca encerra o seguinte:  Matéria gordurenta, cera e clorofila 1-2; Glycyrrhizina 1-4; Monesina ( análoga a saponina) 4-7; tanino 7-5; ácido rubinico 9-2; malato ácido de cal 1-3; sais de potassa, cal, siliccium 3- ; pictina lenhoso 71-7. Prepara-se no Brasil para os mercados da Europa o extrato da casca de Guranhém ou Monesia, o qual é de cor preta, de pedaços achatados, sabor adocicado e depois amargoso, acre e nauseabundo.

      Propriedades. A matéria médica enriqueceu a casca de Monesia e seu emprego generalizado na clínica tem sido o mais bem conceituado. Martius gaba as suas virtudes para curar a leucorreia, as diarreias crônicas e a metrorragia. O Dr. Payen certifica as virtudes adstringentes da Monesia contra  as fissuras ou fendas do ânus (Gaz. Médicale 1840). O Dr. Forget, lente da Faculdade de Medicina de Strasbourg, fez indagações químicas e clínicas acerca da casca: o extrato fornece muito tanino, goma, mucilagem e matéria doce. Pode ser colocada a planta entre o Cachondé e o Ratanhia, pelas suas bem merecidas virtudes adstringentes. O uso geral do Guranhém no Rio de Janeiro tem lugar nos casos de hemorragias e para mitigar a diarreia do tísicos. Na minha clínica, costumo receitar o extrato e o xarope de Guranhém em qualquer caso de hemorragia pulmonar ou anal. Na França foi muito bem aceito, pois o seu emprego foi de muito valor nos casos de diarreias cuja origem era colérica. Alguns práticos o recomendam contra o Cólera e o escorbuto. O princípio extraído da Monesia, chamado monesina, parece uma goma amarelada, seca, fácil de ser reduzida a pós, muito solúvel dentro do álcool ou da água, solúvel com muita dificuldade no éter, incristalizável e faz espumar a água. Em 1841, empregou-se a Monesia para avivar úlceras atônicas e administrou-se internamente na dose de três gr. (Journal de Pharmacie, t.26). A dose do  Guranhém regula de dezoito gr. até uma oitava, internamente como agente adstringente. As preparações farmacêuticas da Monesia são hoje o extrato aquoso, as pílulas, o xarope, a tintura hidroalcoólica, a pomada. Prepara-se o extrato com os pós e a água evaporando até conseguir a consistência de extrato. Fazem-se as pílulas com extrato reduzido a pós e com mel; cada pílula contém dois gr. de extrato. O xarope contém açúcar branco 98, extrato seco de Monesia 1, água pura 1. O xarope contém um por cento de seu peso de Guranhém (seis gr. por cada onça). A tintura de Monesia contém Ex. Guaranhém 5 partes, água pura 75, ácool a 34° 20. Prepara-se a pomada com óleo de amêndoas doces  4 partes, cera branca 2, extrato de Guranhém 1 e água 1.

 

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