Guandu

Guandus, Cytisus cajan Linneo, Diadelphia Decandria, Cajanus flavus De Candolle, Ervilha da Angola, Família das leguminosas

Guandu

    História Natural. Corola papilonácea, dez estames monodelfos, vargem bivalva, cálice curto com dois lábios, folhas com três folíolos peludos, cachos axilares levantados, flores amarelas. Este legume oriundo da África é muito precioso porque produz quase todo o ano. Começa logo de pequeno a frutificar e continua por muitos anos até fazer-se um grande arbusto. Este chega até a altura de oito pés de comprimento, sempre verde, com folhas alternas, pecioladas, compostas de três folíolos pontudos, as quais são moles e aveludadas, peludas por baixo. As flores amarelas e nascem na parte superior dos ramos em cachos axilares, pendunculadas e pouco guarnecidas. O cálice é coberto de um cotão curto, ligeiramente arruivado. As vagens são compridas de quase duas polegadas, pontudas e engrossadas no lugar das sementes. Estas são globulosas, ruivas escuras com umbigo e algumas vezes de cor branca. Segundo Jacquin, encontra-se uma variedade que ele chamou  Cystisus pseudocajan e que se denomina Cajan bicolor De candolle.

    Análise Química. Encontra-se na Ervilha da Angola ou Guandu uma matéria extrativa ligeiramente acre e adstringente, uma porção de goma, de amido, uma substância glutinosa e albumina, conjuntamente com partes fibrosas.

    Propriedades. A  Guandu é alimento vulgarizado no Brasil, e Pison em sua obra conta o seu uso alimentar, tendo a cautela de extrair a película das ervilhas, a qual parece conter um princípio amargoso. O abade Raynal, na sua História Filosófica das Índias, gaba muito o legume  Guandu. São eles ótimos para se comer quer apenas cozidos, quer com ovos, ou bem misturados com carne de porco ou temperados de vários modos. As folhas são peitorais e utilizam-se as cinzas do caule para  limpar úlceras crônicas. Os negros da costa costumam curar as pústulas que nascem sobre a superfície do corpo com os pós de ervilhas secas. Obtém-se das sementes uma farinha resolutiva, e tira-se partido igualmente dos grelos e das flores como remédios bechicos. Não sabemos até qual ponto o sumo  das folhas pode ser reputado adstringente contra as hemorragias, todavia alguns práticos das Antilhas assim o asseveram, e o ilustre médico de São Domingos, Poupée-Desportes receitava a infusão das folhas nos casos de irritação pulmonar com expectoração de sangue. A dose das flores é oitava por libra de água e das folhas emprega-se maior porção para decocto. Utiliza-se a farinha em cataplasmas. Pratica-se a cultura dos Guandos em setembro e outubro, às margens das hortas ou ao pé das cercas. Sua distância é de 10 a 12 palmos e se deitam só em cada cova duas até três sementes. Colhem-se quando está a vagem amarela para se comerem verdes os guandos, dá diversas colheitas e, por fim, tira-se-lhe o seco, que se guarda com a casca para se descascar quando se quer fazer uso dele. Decotam-se todos os anos dois palmos acima da terra e dão como se for novo; sua colheita é feita pelas bagens (Auxiliador). 

 
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