Helianthus annuus Linneo, Chrysanthemum peruvianum, Syngenesia Polyginea, Frustranea Linneo, Família das radias
História Natural. Frei Vellozo assim descreve a planta: “Receptáculo apagado, plano frouxel de duas folhas; cálice com escamas sobrepostas e pontas soto escarrapachadas. O caráter essencial é de ter as folhas acoroçoadas, trinerves, pendúnculos engrossados, flores inclinadas. Esta planta privativa do continente da América recebe o nome vulgar de Girassol, denominação que se concede igualmente por engano a uma espécie de heliotrope e que na Itália se costuma dar ao Ricino comum. O nome de Girassol designa o Helianthus annuus de Linneo, planta vulgarizada no Brasil e que se gaba muito para afastar os miasmas paludosos. O talo do Girasol é direito, de seis até vinte e quatro pés de comprimento, cilíndrica, espessa, cheia de medulas e carregada de pelos curtos; as folhas são alternas, espalhadas, pontudas, dentadas, esverdeadas e rugosas ao apalpar; as flores são solitárias, terminais, inclinadas para o chão lateralmente ou voltadas do lado do sol, tendo uma bela cor de ouro, um amarelo brilhante cujo disco é de ordinário de cor mais carregada, oferecendo a forma de um orbe, plano, radiado como o sol e tendo até um pé de diâmetro. A cultura do Girassol deveria ser feita em grande nas margens dos lugares pantanosos, uma vez que se verifica o seu poder de absorver as exalações paludosas, em vez de limitar-se a sua cultura para o embelezamento das hortas e dos jardins. O tronco grosso e direito só se ramifica no topo, e a flor larga, ampla radiosa que figura uma coroa nasce no último topo. Esta flor é constantemente melinada para a parte em que nasce o sol, por motivo de ser a sua haste naturalmente pesada. A planta dá grande número de sementes que são alongadas, encaixadas em uma casca dura, umas negras, outras brancas, cinzentas, rajadas de negro e outras de cinzento.
Análise Química. Diz o Frei Vellozo (Flora Allographica, p.207) que o Girassol abunda de sais álcalis fixos. Em tempo de calor, correm do centro da flor gotas resinosas. O quimíco Henry tem conseguido extrair das sementes porção de óleo de cor citrina. Em vários países costuma-se tirar azeite das sementes. Calcula-se pela metade do peso a porção que se consegue extrair. A amêndoa contém um óleo gordurento e acre, enquanto a flor e a haste fornecem copiosa porção de nitrato de potassa e a casca produz fibras delgadas semelhantes às do cânhamo.
Propriedades. O Frei Velloso publicou vários extratos do “American transactions” das Memórias de Agricultura e do Dicionário do Abade Rozier “que dizem respeito ao Girassol. Esta planta, diz ele, tem propriedades particulares que a devem fazer preferida às muitas outras. 1°. É muito nutritiva; 2°. Na Virgínia fazem-se pão e papas das sementes para as crianças; 3°. Comem-se os grelos novos cozidos e temperados com sal e azeite. 4°. Os índios comem os grãos dos quais extraem azeite. Os grãos nutrem os carneiros e outros animais. 5°. O tronco pode servir de combustível. 6°. As cinzas são excelentes para salitres. 7°. As folhas são boas para sustentar vacas. 8°. As flores podem ser úteis à tinturaria. O Abade Rozier diz que por ora as propriedades medicinais são desconhecidas, enquanto as econômicas são bem avaliadas. Procuram-se as folhas para sustento das vacas pois lhes aumentam muito o leite. Os troncos secos servem para estacas em que trepam ervilhas e feijões. Queimam bem. A medula contém muito salitre. Quando se lhe põe fogo em uma das suas extrenidades, ele se propaga até a outra e claramente se vê decrepitar o salitre. Dentro das cascas que formam o exterior do grão, se encerra uma amêndoa cujo sabor se aproxima ao da avelã e da qual, por espremeção, se tira um azeite doce que arde muito bem. Uma só planta que meça bem pode dar até dez mil grãos. Apetecem muito aos papagaios, melros, às galinhas etc. e os engordam muito mais que outro qualquer. Dizem que este grão torrado tem o cheiro do café e que a sua infusão é muito agradável. As suas lixívias fornecem muito salitre”.