História Natural. Pison e Margrave descrevem-na com os nomes de Pomifera Índia, Janipapo, Junipapeira brasilianorum, uma árvore que tem trinta palmos e mais de altura sobre dois de grossura. O Genipapo branco que dá folhas semelhantes às do fumo, é árvore de cinquenta e mais palmos e dois de grossura; de madeira elástica, mole no cortar, de poros fechados. O Genipapeiro é árvore bonita, de tronco direito, frondoso; a casca do tronco é cinzenta, rugosa e áspera; os ramos são compridos, multiplicados e horizontais, guarnecidos por intervalos de ramúsculos divididos no seu comprimento e com folhas no cume. As folhas são grandes, inteiras, quase sessilas, opostas e dispostas em masso copado de um pé de comprimento sobre uma largura de três polegadas, verdes, lisas e repartidas ao meio por uma linha longitudinal que sobressai embaixo. As flores nascem em ramos sobre pedúnculos curtos. São brancas, tornam-se depois amarelas e deitam um cheiro agradável. Cada flor contém um cálice superior monofilo, uma corola de tubo curto, infundibutiforme, com limbo amplo e aberto. O fruto é uma baga grossa, carnuda, que se parece com um limão ou laranja pelo tamanho, acaba em ponta, contém polpa e muitas sementes colocadas em dois séptos. Tem cálice monofilo, corola monopétala, cinco divisões, cinco estames, um estilo, dois estimates, folhas opostas. O fruto tem duas divisões polispermas; sementes codiformes. As baga são ovoidas de um verde esbranquecido malhado de cor escura, coberto de uma casca carnuda, pubescente exteriormente como da casca verde das nozes e amêndoas da Europa. Contém uma polpa esbranquecida de sabor ácido e um suco que tinge de cor roxa ou denegrida qualquer objeto posto em contato.
Análise Química. O Genipapeiro possui no seu fruto porção de ácido málico, polpa mucosa, resina acre.
Propriedades. De ordinário, come-se o fruto para refrescar o paladar. Pela cocção, ele perde seu sabor ácido e acre e serve então como adstringente nos casos de diarreias. Asseveram alguns clínicos americanos que as raízes feitas em decocto constituem uma tisana purgativa e que se receita o cozimento delas nos casos de gonorreias. Descourlitz citado por Merat, afirma ser purgante a casca da raiz, porém esta casca como toda a planta é adstringente, diz o Dr. Manso (Revista Médica Fluminense, p.408, 1838 ), “Temos notícias de alguns indivíduos do gênero Gardenia que é muito próximo do Genipa, os quais tendo sabor adstringente produzem efeito purgativo. Concordamos quanto ao efeito não só do Genipapo como de outras cascas adstringentes que todas se devem tentar a exemplo do efeito que se observa na quina quando se excede a dose”. Com o fruto do Genipapo, compõe-se um xarope que se administra juntamente com qualquer chá aromático. Serve o tronco da árvore para juncas de bombas. Usa-se o Genipapo branco para frechais e cabos de machados. A madeira polida é das mais bonitas de se ver. O conselheiro Balthazar da Silva Lisboa menciona o vinho que se faz com o fruto agridoce, e diz que do fruto e da casca, que são adstringentes, se forma um emplasto para fechar a quebradura. Usa-se o sumo para tintas de escrever, porém os caracteres desvanecem-se em poucos dias. As outras espécies de Genipa, como o Genipa caruto do Orinoco e o Genipa edulis de Cayena, tendo frutos de menor tamanho são empregados para o mesmo fim.