Fumuria

Erva molarinha, Fumaria officinalis, Família das fumariaceas

Fumuria

      História Natural. Existem várias espécies que se designam como Fumaria officinalis por terem as mesmas virtudes, e que, todavia, pertencem a diversas latitudes, assim se notam as Fumarias do sul da Europa, da Ásia e do norte da África.  A. St´Hilaire descreveu pelo nome de Fumaria officinalis uma planta que o célebre botânico refere à família das hypocrataceas. Frei Vellozo descreve do seguinte modo a Fumaria officinalis Linneo que se acha cultivada nas hortas brasileiras: raiz anual, franzina e fibrosa; talo liso, espanado, um pouco angular, curvado, arruivado e, de ordinário, erguido a um pé de altura; folhas compostas duplicadas empenadas com pínulas de três pontas ou de uma cor verde pálida, sustentando-se sobre pecíolos franzinos; flores de uma cor purpúrea tirante a vermelho, que crescem em espigas que surgem das axilas ou sovaco das folhas; brácteas ou folhas florais purpúreas e situadas na base dos pedúnculos; o cálice se compõe de duas folhinhas iguais, caídas, levemente dentadas ou denticuladas e ovais. Corola oblonga, tubulosa, boqueada ou rigente; sobressaindo tanto as faces ou paludas, que lhe enchem a boca, o lábio superior alargado até a ponta, aguilhado, côncavo por baixo, um pouco voltado para cima nas margens, obtuso na base, inteiramente crespo; o lábio inferior se parece muito com o superior. Os pétalos laterais se unem nas pontas, em topos e formam uma boca ou orifício quadrangular, havendo três divisões, todas na base, guarnecidas com três anteras amarelas; gérmen oval; estilete fitiforme, quase da largura dos filamentos e rematados por um estigma apinulado ou penugento espalmado. Sementes arredondadas e contidas em um folhelho em feição de orelha (Flora Allog. p.212).

      Análise Química. A análise de Kirwam apresenta esta planta como a mais produtiva de matéria salina; Baslier assevera que ela contém boa porção de malato de cal. Mr. Winckler obteve do suco da planta um ácido combinado a cal, que se torna cristalizável, volátil, solúvel dentro do álcool, do éter, que se chama ácido fumárico.

      Propriedades. A planta amarga muito e convém como o mais útil desobstruinte nas inflamações crônicas do fígado. Costuma-se receitar o extrato em pílulas ou o cozimento com meia onça da planta inteira sobre uma libra de água. Existe no Pará uma pequena planta * do Rio Negro que encerra porção salina, talvez maior que das Fumariáceas da Europa, chama-se Cururé. Do Cururé, diz Baina (p.67, Corogr.), que os indianos fazem sal secando as folhas ao sol, queimando-as e fervendo-as ao ponto de consistência de que se forma o sal. É verrossímil que os índios do Rio Negro aprendessem a extração deste sal dos espanhóis seus confinantes.

 

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