História Natural. Os nomes de Fedegosa, Fedegoso ou Fedegozo se referem a várias espécies de Cássia, e não se devem aplicar a uma solanea ou a qualquer borragina como alguns autores o fizeram. Outras Cássias como a Cassia ocidentalis, a Cassia hirsuta, em algumas províncias centrais, receberam o mesmo apelido vulgar de Fedegoso. São cinco espécies que se designam por tal nome. A Cassia falcata tem as folhas trijugadas, folíolos oblongos, lanceolados, pecíolo glanduloso entre a primeira parte dos foliolos, cachos axilares com cinco flores, pedicelos prolongados em corimbo. Bagas estreitas, compridas e acuminadas. O Fedegoso bravo é a Cassia planisilica, segundo o que aponta o Patriota de agosto de 1814. A casca das espécies de cássia chamadas Fedegoso é grossa, enroscada com epiderme rugoso e fendas transversais, tais quais se observam em certas quinas; as fibras internas são amarelas, o sabor da casca é amargo.
Análise Química. Goma, cera, resina, açúcar, princípio de cor amarela, ácido gálico, sulfato de potassa, hidroclorato de potassa e de nitro, acetato de potassa, fosfato de cal, oxalato de cal, silício e óxido de ferro, eis a análise exata da planta chamada Fedegoso, feita por Mr. Henry, farmacêutico de Paris. Martius assevera que se encontra clorofila, sulfato e cloreto de potassa pela análise.
Propriedades. Nas fazendas de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro costuma-se administrar o princípio em constipação grave ou nos ataques de febres ou de reumatismo. Usa-se o chá de Fedegoso para aplacar o movimento febril, provocar suores copiosos e secreção abundante de urinas. O Dr. Vicente Gomes da Silva concedia ao Fedegoso virtudes antiperiódicas e tônicas. O seu principal emprego terapêutico ainda é para debelar as erisipelas e os enfartos crônicos de fígado e, talvez, operem as várias espécies de Cassia sericea e Cassia ocidentalis nesses casos como laxativas. O modo de administrar o Fedegoso é em cozimento das cascas ou das sementes ou das folhas, segundo a indicação de provocar suores ou efeitos catárticos. Compõe-se com as folhas secas ou sementes pisadas um xarope que se administra a colheres, de duas em duas horas nas enfermidades agudas de peito das crianças. Na província de Minas, desde tempos remotos, conhece-se a virtude da raiz de Fedegoso contra os vermes. Lê-se na obra de Luiz Gomes Ferreira, Erário universal (Lisboa, 1734); toma-se uma raiz grande de Fedegoso, lava-se, corta-se em bocadinhos e pisa-se em almofariz; em seguida, lança-se em uma xícara de água morna; após esfriar e amolecer, pisa-se de novo e faz-se uma massa que se dá em pílulas ou em extrato para expelir as lombrigas. Existe uma variedade chamada Fedegoso miúdo, que tem os mesmos usos medicinais, sobretudo para curar erisipelas.