Erva mular

Croton antisyphiliticum Martius, Croton perdicipes A. St´Hilaire, Pé de perdiz, Curraleira (São Paulo), Alianfora (Minas e distrito do Rio de São Francisco), Família das euphorbiace

Erva mular

   História Natural. Folhas monóicas. Nas flores masculinas, cálice quinquepartido, cinco pétalos, cinco glândulas alternando com estes últimos, dez a vinte estames com filetes livres, nenhum rudimento de pistilo central nas flores machas. Nas flores fêmeas, cálice quinquepartido, persistente, corola alta, três estiletes e ovário rodeado na base de cinco pequenas escamas de três septos. Fruto capsular separando-se, quando maduro, em três casulos *. Semente pendurada, contendo sob um perisperma carnudo, um embrião com cotilédones foliáceos e radícula curta e superior. A Erva mular ou  Pé de perdiz, encontra-se em Minas, no distrito do Rio das Mortes, nos campos de Tapeira, perto do Paracatu e na parte do norte da província de São Paulo. Este vegetal tem ramos lenhosos, cilíndricos, inferiormente achatados e angulosos no seu topo, folhas alternas, sustentadas por pecíolos compridos, lanceolados, desigualmente dentados, apresentando na face inferior uma nervura mediana, espessa, donde partem nervuras laterais menos salientes e pequenas glandulas *lettiformes, amareladas; as duas maiores se encontram nos lados da nervura mediana, as outras nos ângulos entrantes dos grandes dentes. Duas estípulas no lugar de nascerem as folhas, compridas de duas linhas agudas. Flores unissexuais, dispostas no topo dos ramos, em cachos compridos de três polegadas; as fêmeas em pequeno número, as machas muito mais numerosas, ambas sustentadas por um pezinho delgado e curto. Nas flores machas, cálice dividido em cinco partes até a sua base de forma ovada; cinco pétalas alternando com as cinco divisões do cálice, cinco glândulas colocadas na base das divisões. Nas flores fêmeas, o cálice divide-se em cinco partes: longas de duas linhas, lanceoladas, semeados de pelos estrelados por fora, glabros por dentro, com uma escama semicircular, corola nula, três estiletes, ovário trilobado coberto de tubérculos, em cada sépalo num óvulo único suspenso. Nas flores machas, existem onze estames mais compridos que os pétalos ( A. St´Hilaire).

   Análise Química. As folhas encerram um princípio aromático acre com cheiro de cânfora; a planta contém hidroclorato de potassa, uma matéria extrativa amarga e ácido crotônico.

     Propriedades. O cozimento das folhas é poderoso diaforético e diurético; a aplicação das folhas frescas ou contusas ou bem secas, e reduzidas em pós, favorece  a cura das feridas e úlceras. Na província, acredita-se que geralmente a planta aniquila o veneno das cobras, porém semelhante crédito deveria basear-se sobre frutos bem averiguados. A maior reputação terapêutica parece ser reservada para o curativo da sífilis, resolvendo os tumores inguinais e cicatrizando as úlceras venéreas. Esta planta pertence a uma família que contém vegetais enérgicos, e o gênero Croton dá um dos mais violentos drásticos. Outras espécies do mesmo gênero são eméticas ou diaforéticas. É, sem dúvida, como poderoso agente diaforético que o Pé de perdiz opera de um modo favorável para a cura das enfermidades venéreas.

 

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