Erva Moura

Maurella nigra, Solanum triste, Aguara-quiya, Erva do bicho, Pimenta de galinha segundo Pison, Carachichú, Petandria Monogynia, Família das solaneas de Jussieu

Erva Moura

    História Natural. Cálice de cinco divisões, corola rotácea, túbulo curto, anteras coniventes, hastes sem espinhos, folhas lanceoladas, cachos em cima. A Erva Moura cresce de cinco a seis pés de altura. A haste é lenhosa, cilíndrica, alta de três pés sobre um ou dois de diâmetro. Ela deita três ramos que se subdividem gradualmente em três outros ramúsculos e formam assim uma planta frondosa. As folhas têm a forma de coração, a ponta lanceolada, são verdes e aveludadas de sete polegadas de comprimento. As flores são repartidas em cachos laterais, pequenas, brancas e numerosas. As bagas são globulosas, de cor amarelo sujo, contendo uma polpa gomosa e açucarada, juntamente com muitas sementes chatas e outras arredondadas. Existem duas outras variedades da planta: uma com as flores roxas.

    Análise Química. O cheiro das folhas é nauseabundo e viroso; as folhas dão um óleo volátil e um extrato ligeiramente amargo. O farmacêutico Desfones tem encontrado nos bagos abundante porção de solanina no estado de malato. Para obter a solanina, trata-se pelo amoníaco o suco filtrado dos bagos, determinando assim a precipitação de um depósito acinzentado. Este, posto em um filtro lavado e tratado pelo álcool fervente, dá pela evaporação a base do sal mais ou menos pura. A solanina fica unida a certa porção de clorofila, da qual é difícil livrar-se. A solanina é pulverulenta, brilhante, sem cheiro, ligeiramente amarga, tornando-se ainda mais amarga quando é dissolvida em ácido ou no ácido acético. Ela é insolúvel dentro da água fria. Além disso, difere dos outros álcalis vegetais e não dilata a pupila. Porém, ela obra como um narcótico poderoso e determina uma espécie de paralisia dos membros posteriores.

     Propriedades. Empregam-se muito no Rio de Janeiro as folhas da Erva Moura em cozimento para banhos locais nos casos de flegmasia do útero e das vias urinárias. As folhas aplicadas topicamente nas pernas tiram as dores agudas e reumáticas, venéreas. Pison diz que se empregava muito no Norte do Brasil para o curativo da moléstia do ânus, conhecida pelos nomes vulgares de bicho de cu ou maculo, dando o cozimento das folhas em clisteres ou pondo as mesmas em cataplasmas. O cozimento das raízes da Erva Moura foi recomendado nos casos de catarros vesicais. Os cataplasmas das folhas são salutares  para desfazer os ingurgitamentos crônicos das articulações, e as folhas frescas para acalmar os impertinentes comichões de certas impingens. A planta tem sido elogiada como sudorífica e sedativa, apesar de muitas opiniões opostas dos facultativos franceses e alemães. No Brasil, ela é creditada como um valioso calmante. Emprega-se o cozimento narcótico para banhos locais com duas onças de folhas secas sobre duas libras de água. O óleo que se obtém das bagas serve para linimento. Faz-se um unguento para fricção com o suco das folhas e bagas, misturando-o com cera. A dose do extrato é de um até cinco ou oito grãos. Como a solanina é muito mais ativa,usa-se de um até três grãos.

 

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