História Natural. Planta oriunda da Índia e depois introduzida na África e em Portugal, de onde foi transportada para o Brasil. Segundo José Monteiro de Carvalho, é planta de folhas compridas, ásperas e espinhosas; cresce até a altura de uma vara e na extremidade tem muitos raminhos com bastantes alcachofras, com muitas * ou folhinhas amarelas que, depois de secas e passadas em azeite, são usadas para substituir o Açafrão. A planta é glabra, alta de um a três pés, de haste delgada, com folhas luzidias de um verde claro; a corola é muito fina e tem dezoito linhas de comprimento. As flores são de uma bela cor de Açafrão vermelho.
Análise Química. Segundo Spilman, a casca da semente encerra um princípio acre. As flores, cuja composição virá a seguir, foram unicamente analisadas: água 6,2; pós 3,4; albumina vegetal verde 5,5; matéria amarelada e sulfato de cal e potassa 24,4; muriato de potassa e acetato de potassa 4,2; resina 0,3; cera 0,9; matéria rubra 0,5; lenhoso 49,6; magnésia e alumina 0,5; óxido rubro de ferro 0,2; areia 1,2; perda 0,7. (*. Ann. de Chim., t. XLVIII ).
Propriedades. As folhas da açafroa servem, diz Mr. Reidel, para tingir o arroz ou outros manjares e condimentos. Dizem que as sementes tomadas em infusão provocam a sonolência e modificam a tosse, e que, misturadas com caldo de galinha, purgam o ventre. A questão das propriedades purgativas da planta fica ainda sem solução por falta de análise química das sementes. Estas sementes brancas, angulosas e obtusas atraem os pássaros, sobretudo os papagaios. Na Índia, costuma-se preparar com elas um óleo que se administra em fomentações nos casos de reumatismo articular e de paralisia (Anislie Mat. Med. t.2). O professor Decandolle reputava o óleo uma substância purgativa. É neste sentido que alguns facultativos receitam o chá das folhas para debelar a icterícia. Bichat aconselhava duas oitavas do óleo em quatro onças de emulsão como remédio laxante. O maior uso da açafroa é para tingir. Encontram-se nas folhas dois princípios, um vermelho solúvel com álcali, outro amarelo solúvel com água. Emprega-se o primeiro, também denominado cartâmico, para tingir as sedas.