Erva da lacca

Tinctureira vulgar, Erva dos cachos da Índia, Erva carmin, Bredo do Rio cuarurú guaçú de Marcgrave, Espinafre da Índia, Phytolacea Decagynia de Linneo, Família das phytolaceas de Martius, das rosaceas de Tournefort, das chenopodeas ou atripliceas de Jussieu

Erva da lacca

   História Natural. A raiz espessa e carnuda produz uma haste ramosa, cilíndrica, um pouco avermelhada, folhas sem curtos pecíolos ovais oblongos, flores avermelhadas colocadas em cachos laterais, cálice corado de cinco divisões profundas, de dez a quinze estames, pistilos em número de dez unidos, fruto globuloso um pouco achatado de um vermelho escuro, contendo dez sementes. Diz o Martius que a Erva da lacca é planta oriunda da Virgínia, dos Estados Unidos da América do Norte, e recentemente trazida ao Brasil. Costumam-se comer as pontas que nascem da raiz bem como os aspargos, e as folhas tenras como os espinafres. Ambas têm um sabor insípido.

    Análise Química. O Sr. Braconnot de Nancy obteve pela análise desta planta uma enorme quantidade de potassa, pois cem libras de cinzas da planta dão sessenta e seis libras, dez [       ] eficaz contra as dores do reumatismo e da sífilis (Jornal da Sociedade Pharmaceutica Lusitana, t.2,  p.718, 1839). As bagas secas são purgativas; o Dr. Rusch conta que os alunos do colégio de Princeton tiveram abundantes evacuações em consequência de haverem comido pombos aos quais deram as bagas secas desta planta. O suco da raiz dá-se como purgativo na dose de uma ou duas oitavas. O sumo das folhas purga fortemente, tomado na quantidade de uma a duas colheres. As folhas, em contato com a pele, estimulam os tecidos e são boas para curar certas úlceras atônicas. O Dr. Hoywar nos Estados Unidos usava um unguento assim composto: pós da raiz da Erva da lacca duas onças; unto de porco, dezesseis onças, do qual se servia com vantagens na sarna e tinha rebeldes. Houve época em que o governo de Portugal deu ordens severas para impedir que se fizesse uso da tintureira para aumentar a cor dos vinhos (ver Alvará de 1773). Os falsificadores de vinhos sabiam que o suco dos bagos consegue uma fermentação vinhosa, que então fornece pela destilação porção boa de álcool. Pelas experiências do Sr. Braconnot sabe-se a incineração da planta dá cinzas ricas em potassa a tal ponto que cem libras de cinzas poderiam dar mais de sessenta e seis libras de dita solução. Além disso, o Sr. Boudard, procurando ultimamente saber donde provinha a qualidade purgativa da planta, observa que o princípio acre e purgativo do suco das bagas do phitolacea é uma substância óleo-resinosa chamada "phytoleine", da qual se extrai facilmente a resina que só é acre e purgativa ( ver Journal de Chimie Médicale, p.181, 184).

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