Elemieira ou Elemi do Brasil

Icica Icicariba de Candolle, Amyris heterophylla Wildenow, Almécega, Almacegueira, Amyris Pernambucanis Arruda, Casca aromática do Ceará ou Gomma limão, Família das amyrideas

Elemieira ou Elemi do Brasil

  História Natural. As várias espécies de resina conhecidas pelos nomes de Elemi ocidental, Elemi falso e Bálsamo aracoruhi são provenientes de várias espécies de Amyris e Icica. A Almacegueira, Abira-siquá dos índios, Jeicariba de Pison, fornece o verdadeiro Elemi do Brasil, enquanto os Icica guianensis, o Amyris ambrosiaca * as outras qualidades de goma resina. Nas Antilhas é a Amyris elemifera de Wildenow, oriunda da Carolina do Norte América, que fornece a resina Elemi. Na Guiana, a mesma provém do Icica aracouchini de Aublet. Todas elas não se devem confundir com o Amyris elemifera de Linneo, árvore dos países da Ásia e do Oriente que dava o Elemi oriental, hoje desaparecido dos mercados e substituído pelo Elemi ocidental do Brasil, da Colômbia, do México e de Manilla. A árvore descrita por Pison e Marcgrave tem um tronco alto de quinze pés, sobre oito e nove polegadas de diâmetro, ramos delgados, folhas dísticas de três ou cinco folíolos acuminados, ovados, peciolados, cachos singelos; cápsula verde de quatro válvulas coriáceas, fruta de polpa branca e suculenta, sementes angulosas. Escorre desta árvore o Elemi que entra nas resinas balsâmicas do Brasil, diz Martius, facilmente leva a palma às outras pela força de aquecer, resolver e emendar o processo plástico. No Rio Amazonas, é a Icica altíssima que fornece o Elemi. Nos sertões do Rio Doce, de São Francisco, nas matas dos sertões de Pernambuco, encontram-se numerosos icicas ou almécegas, os quais destilam de sua casca o suco resinoso Elemi. Quanto mais secos, arenosos e quentes são os lugares em que a árvore cresce, diz Mr. Riedel, tanto mais ela abunda em resina; a casca da árvore cortada profundamente deixa sair no fim de dois ou três dias um líquido untuoso, suave, cheirando a funcho, de cor branca esverdeada, segundo Pison, avermelhada e parecida com a resina de eufórbia, segundo Martius diferenças de cor que provêm do lugar da colheita; do sertão, a mais tirada é a verde, e das praias mais arenosas as mais queimadas e avermelhadas. Solidifica-se o suco em pedaços de forma e tamanhos muito variados, pois no Norte tem-se encontrado pedaços de mais de uma arroba de peso, que jaz ao pé dos troncos, tão abundante é o produto do Icicariba.

    Análise Química. A resina Elemi recente parece ser uma massa mole e unctuosa, porém torna-se seca e quebradiça pelo frio e pela ancianidade. É meio transparente, varia de cor, uma vez branca amarelada com estrias verdes, outras vezes mais escura e quase denegrida. O cheiro é forte, agradável, recorda o aroma do funcho fresco, o sabor é aromático, primeiramente doce, logo amargoso. Dissolve-se a em parte dentro do álcool frio; é inteiramente solúvel dentro do álcool fervente; a solução concentrada, depositada pelo esfriamento, forma uma resina agulhada, branca, opaca, muito ligeira, inodora e insípida que se chama Elemina. A resina contém, segundo a análise de Mr. Bonastre, o seguinte: resina transparente solúvel no óleo frio 60; elemina 24; essência 12,50;  extrato amargoso 2; impurezas 1,50.

   Propriedades. Nas províncias do Norte, costuma-se calafetar os navios com resina Elemi, por ser de barato preço e abundante. Pison gabava as virtudes da almécega para o curativo das feridas. A Almacegueira, diz Arruda, tem as mesmas virtudes medicinais da terebintina, e aplica-se sob a forma de emplastos nas fontes de alívio e extingue convenientemente as dores de dentes. Os nossos farmacêuticos a empregam na composição de alguns unguentos; os habitantes a misturam com a cera amarela do país para bogias ordinárias e misturam com a quarta parte de sebo ou * para calafetar suas embarcações e as rodas de água dos engenhos de moer canas. Esta resina corre no comércio sob duas formas: alva, limpa; chamam-na Almécega cozida, com a qual os índios formam paus de dezesseis a trinta libras. A almécega denominada crua, dissolvida em álcool, seria para vernizes e a queimada supre a falta de incenso. Ela entra no remédio chamado "bálsamo do sertão", assim como serve em algumas partes da América a resina do Amyris ambrosiaca ou Icica heptaphylla de Aublet (Arruda, p.51, Discurso sobre a instituição do Jardins). Em medicina e farmácia, o Elemi ocidental é inteiramente substituído pelo que outrora provinha do oriente; emprega-se contra a gonorreia e a hemoptise, administrando meia oitava misturada em pós com gema de ovos para se tomar em duas vezes. Igualmente, emprega-se para a composição de vários unguentos de *, de styrax, etc e etc.

 

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