Cumaru

Cumary, Comaru, Couma, Coumarouna odorata Aublet, Dipteryx odorata Wildenow, Família das leguminosas

Cumaru

     História Natural. Árvore de trinta a sessenta pés de altura existente nas províncias do Norte, do Pará e Rio Negro; casca dura, lisa, esbranquiçada, madeira dura, compacta, assemelhando-se muito ao guaiaco, tomando a cor amarela rósea, composta de fibras muito finas. O tronco tem na sua parte superior ramos grossos e tortuosos, que se dirigem em vários sentidos, guarnecidos de folhas alternas, aladas, compostas de dois ou três folíolos de cada lado, sustentadas sobre um pecíolo arruivado, canaliculado por cima e acabando em ponta. Os folíolos são alternos e ovados, lisos e esverdeados. As flores, de cor purpúrea e arroxeada, são dispostas em cachos axilares e encimados; cada flor tem um cálice monofilo coriáceo e purpureo, uma corola de cinco pétalos, oito estames e um ovário superior com estilete recurvado e estigma obtuso. A fruta representa uma vagem ovada, oblonga, acuminada, amarelada, carnuda, filandrosa, unilocular, dentro de um pequeno ouriço duro, contém uma semente ovada, oblonga, de aroma agaradável, denominada Fava de tonka. A fava nova não é aromática, porém, tornando-se velha, o aroma desenvolve-se mais enérgico; o sabor é doce e oleoso. O Comaru dos campos tem a fava menos ovada e menos aromática do que o Comaru das matas, a qual é cilíndrica, segundo assevera Mr. Riedel. A semente é composta de um epicarpo ou casca exterior delgada e uma amêndoa de dois lobos. Esta fava nasce com facilidade nas terras secas. ao ser lançada sobre elas; em breve, cria-se uma árvore grande. Costuma-se semeá-la em lugares sombrios, pois, se exposta ao sol, perde o aroma. Deve-se abri-la depois de estar bem seca, pois então se destaca facilmente. Existem três variedades de Cumary, todas elas indígenas do Pará ou da Guianas.

     Análise Química. O aroma provém de um princípio volátil concreto que se cristaliza muitas vezes entre os dois lobos da amêndoa, e que não participa nem do ácido benzóico, nem da cânfora. Esta substância cristaliza-se, pesa mais que a água, dissolve-se dentro do álcool. Vogel de Munich considerou a dita substância como composta de ácido benzóico, porém a análise dos Srs. Boullay e Boutron encontra elementos diferentes. Eis o resumo da análise publicada pelo Journal de Pharmacie, t.11, p.480: matéria açucarada, matéria gordurenta, elastina e estearina, loumarina, ácido málico, malato de cal, goma, fécula, sal amoníaco, fibra vegetal.

     Propriedades. A casca da fruta é comida doce que se pode misturar com outras frutas nas sobremesas. Misturam-se os pós de Fava de tonka em rapé para lhe dar melhor aroma. Referem-se à mesma propriedade cefálica e sudorífica. Os índios tomam a tintura alcoólica para desvanecer a enxaqueca e acalmar as dores de estômago. Usa-se o tronco da árvore na construção náutica.

 

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