Cuitizeira

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Cuitizeira

   História Natural. Árvore pequena com ramos horizontais e folhas um pouco compridas, lisas, largas e redondas na extremidade e pontudas na base. Dá um fruto grande, oval, de casca delgada, lisa e muito dura, do qual, quando partido ao meio, fazem-se as cuias para o serviço doméstico. Há quem assevere que o Cuieté é oriundo da África, porém as suas várias espécies abundam em todas as partes das Américas do Sul. O tronco da árvore é tortuoso, coberto de uma casca cinzenta e enrugada; o lenho é branco, compacto; os ramos são numerosos e guarnecidos em cada nó de dez folhas fasciculadas e lanceoladas; as flores crescem sobre o tronco e sobre os ramos; são solitárias, de cor branca amarela, de cheiro desagradável e pendem cada uma de um pedículo espesso de uma polegada de comprimento. Algumas vezes, diz Jacquin, elas têm cinco estames. Às flores sucedem frutos  que variam de figura e tamanho, segundo a espécie da árvore. Em geral, são ovoidos sem ponta nem bico, e têm de duas polegadas a um pé de diâmentro. A casca é verde, lisa, dura, quase lenhosa; ela cobre uma polpa branca que se torna preta ao ar; é cheia de um sumo de sabor ácido, amargo e adstringente, e contém sementes pequenas, achatadas. Plumier reconhece cinco espécies de árvores Cuieté: a primeira tem as folhas oblongas, estreitas, os frutos são grossos, ovais; na segunda, observam-se folhas largas, frutos moles (Esta espécie é venenosa); na terceira, a árvore é pequena e produz frutos duros. A quarta tem as folhas pequenas, estreitas, os frutos miúdos e esféricos; na quinta espécie, as folhas são estreitas, os frutos pequenos e ovais.

   Análise Química. A polpa do Cuieté contém ácido gálico e muito tanino; uma matéria purgativa comum às leguminosas; uma matéria verde insolúvel; um princípio amargo, goma e muita água.

   Propriedades. O Cuieté pertence à Didynamia Angiospermia de Linneo, foi colocado depois pelo Jussieu na família das solaneas e retirado depois pelo Kunth para ser colocado ao lado das bignoniáceas. Faz-se com a polpa um xarope peitoral que teve grande reputação outrora nas Antilhas e em Europa. Ministra-se a casca verde em cozimento nos casos de disenteria e de hidropsia. Administra-se o suco de Cuieté, depois de haver cozido a polpa, em clisteres para acalmar as cólicas. Os negros comem as sementes torradas. O Cuieté reputa-se aperiente e foi muito recomendado pelo Dr. Chevallier, médico do rei em São Domingos, para o curativo das artrites e dos enfartos de baço. Torrando-se no carvão aceso uma fruta verde de Cuieté, abrindo-se depois a polpa e coando-a em pano fino, obtém-se o suco quente que deve ser bebido pelo doente. O licor ou suco tem um sabor amargo; de ordinário purga pouco, porém dissolve as urinas com maior abundância. Houve tempo que o suco de Cuieté era remédio universal em algumas partes do Sul América. Hoje a sua indicação é limitada ao uso como xarope, o qual se pode dar três colheres ao dia, nos casos de flegmasias do peito. Quanto ao seu emprego exterior, aplica-se nos casos de queimadura, ou de eritema causada pela insolação, aplica-se a polpa fria sobre o lugar doente; faz-se com ela excelente cataplasma resolutivo. O uso industrial que os índios e negros fazem das cuias para vasos, pratos, vasilhas e, mesmo para instrumentos de música, é vulgar nas províncias do Brasil e particularmente no Pará, onde adornam as peças com pinturas e desenhos, na maior parte, vendem-se no mercado ou encomendam-se para presente.

 

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