Elaeis guinensis Jacquin, Palmeira de Guiné Bauhim, Palma avoira Aublet, Maba, Família das palmeiras
História Natural. Árvore transplantada da África para as províncias marítimas do Império, naturalizada entre nós desde os primeiros tempos da descoberta, e multiplicada na Bahia, principalmente, onde tem sido chamada de Dendezeiro. Tronco alto de vinte a cinquenta pés, diâmetro de um pé, coluna direita, inerme, marcada com roletes grossos e anulares. Folhas compridas de dez a quinze pés, folíolos lineares e lanceolados, pontudas. Coloridas por baixo; as inferiores muito estreitas, e longamente assoveladas. Panículas amplas, interpecioladas, levantadas; as frutíferas excedem muitas vezes quarenta libras e mais de peso, trazem seiscentas a oitocentas drupas. Flores esbranquecidas e cheirosas. Drupa de uma polegada de comprimento, ovóida, um pouco angulosa, glabra, e de cor amarela escura e avermelhada. Do invólucro carnudo, extrai-se, por expressão, o óleo gordurento que se chama Azeite de dendê.
Análise Química.O óleo da Palmeira de Guiné tem uma consistência sólida, a cor se parece com a da casca de laranja, tem sabor doce, cheiro agradável, algumas vezes lembrando a raiz da Iris de firenza. A sua exposição à luz o torna mais pálido. O óleo contém oleína, margarina e dois terços de palmitina. Esta última substância é composta de ácido palmítico e glicerina. Embranquece ao sol e com adição de ácido sulfúrico ou de clorofila.
Propriedades. O óleo, diz o Palisot de Beauvois, não se pode comparar com o Azeite de oliva, nem com o óleo de nogueira, porém os negros o sabem preparar de modo que o convertem em manteiga de sabor sofrível. Os negros da Costa o exportam para a Europa com o nome de Manteiga de gala. Sabem com ele preparar vários guisados e bons molhos de peixe, servem-se dele para iluminar, aprontar couros e outros objetos de indústria. Na Bahia, tem-se tirado vantagens comerciais da cultura do dendezeiro. O óleo se exporta para as fábricas de sabão preto que se costuma fazer na Inglaterra. Hoje, o Azeite de dendê é um ramo essencial da arte culinária, e de pública aceitação, pois que, sendo bem purificado, vem a ser um excelente tempero para saborosas comidas. Em medicina, emprega-se a amêndoa para as emulsões temperantes. O óleo extraído por expressão e sem o auxílio do fogo vem a ser bom lenitivo e convém nas poções peitorais. O mesmo óleo, introduzido nas orelhas, alivia as dores agudas da inflamação ou otite. Administra-se o mesmo em clisteres para acalmar as cólicas das flegmasias intestinais e da disenteria. Como laxante, receitam-se duas ou três onças misturando-as com caldo de frango. Certos curandeiros asseveram que a sua aplicação local é poderoso remédio da tinha. Como calmante, receita-se uma onça com igual porção de xarope de papoulas.