Coqueiro da Bahia

Cocos nucifera Linneo, Coqueiro da Índia, Inaja-guaçú-iba de Pison, Família das palmeas

Coqueiro da Bahia

   Caracteres Botânicos. Folhas azadas compridas de quinze a dezoito pés, compostas de foliolos de um pe, verdes, flores brancas numerosas, tronco longo em forma de coluna, coroado de uma dúzia de palmas; no centro das palmas, gomo enorme, cônico, composto de jovens folhas; da axila nascem as flores rodeadas de suas espatas; as flores fêmeas ocupam a parte inferior das ramificações do regumen. Talos ovados, da grossura de uma cabeça humana, compostos de um epicárpio ou película externa. O interior contém uma amêndoa branca, o endosperma ou albúmen da semente, na base do qual se vê um pequeno embrião.  

   História Natural. O Coqueiro da Bahia é oriundo da Índia, porém ele abunda no Brasil. Nosso coqueiro originário chama-se Coqueiro da Bahia por ser esta província que importa maior quantidade de frutos desta palmeira para os mercados do Império. Encontra-se em abundância no Rio de Janeiro; observa-se em maior número nas costas marítimas e desde o Mucuri ou desde os 18°da latitude sul até Pernambuco, acha-se como a árvore mais comum da terra. A palmeira se compraz no meio da atmosfera marítima; é o mais rico presente feito à terra pela natureza, pois todas as partes daquele precioso vegetal servem para as necessidades do homem. O rei dos vegetais, cujo nome é bem aplicado, visto que a palmeira fornece vinho, álcool, vinagre, óleo, açúcar, amêndoa, leite, creme, manteiga, cordas, linho, vasos, esteiras, cobertas de casa, madeira etc. “O coqueiro”, diz Arruda, “é um dos vegetais mais úteis, cuja transplantação tem sido muito vantajosa ao Brasil. Seus frutos verdes contêm uma espécie de emulsão refrigerante, calmante e muito agradável ao paladar. Além disso, uma substância quase butiroza não menos agradável, e, ao mesmo tempo, nutriente. Estes frutos maduros contêm a mesma espécie de emulsão, ainda que menos saborosa e uma polpa com muito azeite misturado de mucilagem, que serve de adubo não só para as gentes ordinárias, como também para as mesas lautas. Este óleo com facilidade se separa da mucilagem por meio do calor do fogo: 32 cocos renderam 17 libras de polpa oleosa, e estas renderam-me de azeite puro três arráteis. Ele serve ainda, afora os já indicados, a outros usos, como para iluminação e, misturado com soda, dá muito bom sabão, alvo e sólido. Cem cocos dão uma canada de azeite das de Pernambuco. Estando os cocos cada um a 16 réis, sai cada canada por 1280! Fazem-se, com o linho da casca do coco, cordas de toda a sorte, até amarras de navios, tão fortes que nem as do cânhamo se lhe avantajam, não precisando serem alcac* como as do linho; sua duração é maior; se acontece roçar em alguma pedra no fundo do mar, elas não se deixam roer com tanta facilidade. Obtém-se o linho do coco pela batedura e maceração. A casca de 40 cocos rende seis libras de linho (ver Arruda, p.28, Dissertação sobre as plantas do Brasil que podem dar linhos).

   Análise Química. Mr. Trommsdorff  fez a análise do leite do coqueiro, o qual é composto de água , açúcar, goma, carbonato e muriato salino. As amêndoas, segundo o mesmo químico, dão um óleo batinoso, extraído por compressão e que coagula em cima do leite. Tal óleo é composto de água, açúcar líquido e  albumina. Diz o Dr. Merat que tem extraído das amêndoas um óleo a 15°, o qual é uma verdadeira manteiga vegetal. Segundo o Lesson, o uso do leite provoca um corrimento uretral, que tinge de preto a roupa branca.

 

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