História Natural. A árvore trepadeira que se chama vulgarmente Cipó matador tem, segundo assevera A. St'Hilaire, um tronco direito, porém delgado e fraco, necessitando do apoio de outras  árvores mais robustas e, então, desenvolvendo multiplicados ramos flexíveis como o vime que parece provir de raízes áureas. Eleva-se a planta a cinquenta e setenta pés de altura, conservando-se sempre ligada estreitamente com outra árvore por meio de raízes que se repartem e acabam em raminhos cabeludos que se distinguem pelas folhas lanceoladas e pequenas. As folhas são * e ligeiramente venenosas, pedúnculos curtos, flores dióicas, cálice com seis sépalos, seis pétalas mais compridas, côncavas, redondas, cápsula grossa, globulosa, obtusa. A árvore, diz  Mr. Tussac, é uma das mais singulares, sendo quase sempre parasita e muitas vezes nascendo da fenda de um rochedo ou de qualquer árvore, e deixando-se cair da altura de quase cinquenta pés, raízes que apanham a terra, penetram então o solo e constituem outros tantos tutores. Outras vezes, o Cipó envolve de tal modo o tronco das árvores que as oculta inteiramente da vista. A sua inflorescência é bela, as flores, lavadas de cor rósea, fazem um destacado contraste com a cor verde das folhas, entre as quais os botões vermelhos sobressaem maravilhosamente.

   Análise Química. Lê-se nos Annaes de Chimica (t. 36, Annaes de Chimie) que o tronco da Clusia rósea é cheio de ar. Cortando a casca obtém-se uma resina amarela que, pelo contato da luz e do ar, torna-se de cor arruivada. As três cápsulas encerram uma porção copiosa de matéria resinosa que tem muita analogia com o alcatrão. Alguns autores a consideram como se fosse o suco da hevea que fornece borracha, da qual, porém, parece diferir bastante.

  Propriedades. O suco resinoso que sai da casca determina uma ação urente na pele, queima e provoca pústulas de difícil cicatrização; o mesmo serve para curar e limpar as úlceras invertidas dos cavalos. Emprega-se a resina das cápsulas para calafetar as canoas e fazer velas ou archotes. O Cipó cresce devagar e nasce em lugares frondosos e úmidos, nas matas ou nos morros assombreados. A madeira é mole e não parece ter préstimo para qualquer uso mecânico ou doméstico. Os curandeiros matam os bichos dos pés com um emplasto composto de resina de Cipó matador. Rhude refere que o vapor do cozimento das flores e das folhas basta para curar de repente a dor de dentes e matar qualquer verme. Alguns facultativos fizeram ensaios menos infelizes contra a lepra ou morfeia, um cozimento para banhos e ministrando internamente a resina para substituir a escamônea. O resultado obtido deveria animar a tentar novas experiências.