História Natural. Planta parasita, filamentosa que se enrola nos ramos das laranjeiras e de muitas outras árvores, sem folhas, de flores pequenas, amareladas, sustentadas por breves pedúnculos. Nota-se um cálice de cinco divisões, corola cilíndrica, cinco estames nascendo na parte superior do tubo, com cinco escamas colocadas na base. Os filamentos, que são delgados e de sabor amargoso, impedem a nutrição das árvores, tirando-lhes o suco pelos poros ou chupadouros dispostos sobre uma linha na parte interna dos filamentos. A variedade chamada pelo botânico Decandolle, Cuscuta minor, apresenta os caules axilares, muito ramosos, de cor púrpura, compridos de um pé, com flores rosas.

   Análise Química. O Cipó de chumbo contém mucilagem, porção pequena de resina e uma substância amarga e de sabor adstringente.

   Propriedades. O crédito de que goza o Cipó de chumbo para curar os casos de rouquidão, as inflamações da garganta e, sobretudo, as hemoptises ou escarros de sangue pela boca, tem sido confirmado pelo Martius. As virtudes da planta como hidragogo ou laxativo são suspeitas. Ultimamente gabou-se muito o uso do Cipó de chumbo para debelar a leucorreia crônica, porém ainda o emprego da planta a tal respeito não se tem generalizado. A verdadeira qualidade do Cipó de chumbo é de ser adstringente e de moderar a expectoração de sangue. Talvez o remédio fosse inculcado pelos índios, pois os botânicos do Rio Real mascam as raízes para se livrar de qualquer fluxo de sangue. Costuma-se administrar o que se obtém do cozimento feito com duas oitavas de raízes ou filamentos e uma libra de água. Nas chácaras do Rio de Janeiro, o Cipó de chumbo espalha-se fresco por cima das cercas de mimos de venus como uma espécie de ornamento, pois os filamentos de cor amarela sobressaem no meio da folhagem verde dos beijos, nos quais se enlaçam. Alguns referem ideias de fertilidade ao modo de prosperar da parasita.