Além do Céu

Fotografia de GN-z11, a galáxia mais distante observada pelo Hubble. NASA/ESA


O telescópio Hubble (NASA/ESA) quebrou mais um recorde de distância cósmica em suas observações, descobrindo a galáxia mais longínqua encontrada até então no Universo. GN-z11, como foi chamada, teria existido apenas 400 milhões de anos após o Big Bang. A descoberta expande as possibilidades de estudos sobre o Universo jovem.

Pela primeira vez uma galáxia tão antiga pôde ter sua distância calculada a partir de seu espectro, tornando a medição muito mais precisa. Apesar da pequena quantidade de luz que chega a nós, a galáxia é anormalmente brilhante, considerando sua distância. Supõe-se que ela poderia pertencer à primeira geração de galáxias. A precisão na medição da distância de GN-z11 reforça a ideia de que outras galáxias, de aspecto e brilho semelhantes aos dela, estariam também a distâncias extremas.

Fotografia do Telescópio Hubble orbitando a Terra.

Anteriormente, astrônomos haviam especulado outras distâncias para GN-z11, mas a análise espectroscópica, feita a partir dos dados do Hubble, afirma que ela estaria ainda mais distante do que se imaginava. Usando a Hubble’sWide Field Camera 3 (WFC3), a equipe de cientistas pôde estudar a luz proveniente da galáxia, dividindo-a em suas cores componentes. A descoberta estaria no limite do que poderia ser observado pelo telescópio espacial Hubble e nos deixa mais próximos de encontrar objetos ainda mais antigos, capazes de fornecer pistas sobre a origem de nosso Universo.

A medição da distância de GN-z11 foi possível graças ao redshift observado em sua luz. O “desvio para o vermelho” é uma variação no espectro da luz observada, devido a sua velocidade em direção ao observador. Um objeto luminoso que esteja se afastando apresentará um redshift diferente de um que esteja se aproximando. No caso da galáxia, a cor de suas estrelas, que seria originalmente azul, transformou-se em vermelha devido à expansão do próprio espaço entre o objeto e a Terra.

A partir dos estudos sobre GN-z11, pôde-se afirmar que a galáxia seria 25 vezes menor que a Via Láctea e teria apenas 1% de sua massa. Seu número de estrelas estaria, porém, crescendo rapidamente, em uma velocidade 20 vezes maior que a de nossa galáxia.

O fato de uma galáxia com cerca de 1 bilhão de vezes a massa do Sol ter existido em uma fase tão primordial do Universo, produzindo estrelas em um ritmo tão acelerado, impressiona astrônomos. Supunha-se que galáxias tão brilhantes e massivas não teriam existido nessa época remota.

A descoberta da distância de GN-z11 mostra o quão ignorantes ainda somos sobre as origens do Universo e, ao mesmo tempo, abre uma série de perguntas que poderão, possivelmente, ser respondidas com a construção de telescópios superpotentes, como o James Webb Space Telescope, da NASA, previsto para ser lançado ao espaço em 2018.


Demonstração da distância de GN-z11. Hubble/ESA.



Fonte:
http://www.astronomy.com/news/2016/03/most-distant-galaxy-hubble-breaks-cosmic-distance-record