Além do Céu

A coluna Além do Céu abordará, a cada mês, um tema diferente do vasto universo da Astronomia. A partir do Portal InforMAST deste mês, você poderá descobrir um pouco mais sobre o que está fora do planeta onde vivemos. Viajando pelo que é visível no céu e o que está além dele, traremos ao leitor um pouco do que já se conhece das infinitas possibilidades apresentadas pelo cosmos que nos rodeia.

Quem nunca parou por alguns minutos para olhar a beleza da Lua? A coluna Além do Céu deste mês vai tratar do que quase nunca é visto do satélite que tanto influencia o nosso planeta.

O “Lado oculto da Lua”, a parte do astro que não é visível a quem olha da Terra, já foi inspiração para criações em diversos aspectos da cultura humana, da mitologia antiga à arte moderna. Muitas vezes chamado de “Lado negro da Lua”, o lado que não vemos do astro é, na verdade, periodicamente iluminado pela luz solar. Isso acontece de forma mais efetiva durante a fase da lua nova.

É fato, porém, que apenas uma face da Lua pode ser tocada por olhares terráqueos, o que observamos à noite é sempre o mesmo hemisfério lunar. Isso acontece porque a Terra e seu satélite natural estão, há muito tempo, em rotação sincronizada – quando a rotação de um objeto em órbita (seu movimento circular completo ao redor de si mesmo) dura o mesmo tempo de seu período orbital (o movimento inteiro que ele faz em torno do que orbita). É como rodar uma bola, presa a uma corda, ao seu redor. A face da bola que você verá será sempre a que está colada na corda.

A “Hipótese do Grande Impacto”, a teoria mais aceita atualmente sobre a presença da Lua na órbita terrestre, postula que um planeta do tamanho de Marte teria colidido com a Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos, deixando parte de sua matéria conosco e formando, com o que restou da colisão, o que viria a ser a Lua. A estabilidade que possibilita a rotação sincronizada se daria algum tempo depois. A gravidade terrestre teria diminuído a velocidade de rotação lunar, por efeito de maré, até o nível em que ela se encontra agora.

O “Lado oculto da Lua” foi fotografado pela primeira vez pela sonda soviética Luna, em 1959. Desde então, descobriu-se que essa face possui crateras bem mais visíveis, mesmo estimando-se que os dois lados tenham sofrido, em seu passado, quantidades aproximadas de impactos de meteoritos. Além disso, o lado de lá não apresenta as grandes manchas escuras que vemos da Terra. Essas manchas, chamadas de mares lunares, são grandes planícies de basalto que surgiram com a solidificação do magma expelido para a superfície, depois dos impactos que formaram as crateras. A ausência dos “mares” na face oculta foi um mistério por décadas na comunidade científica.

Estudos recentes propõem que essa ausência se deve a diferenças entre a densidade das crostas dos dois lados. A divergência teria se estabelecido porque depois do “Grande Impacto”, que transformou o astro em uma grande bola de materiais derretidos e vaporizados, a face oculta esfriou mais rapidamente, fazendo com que elementos como o cálcio e o alumínio “chovessem” preferencialmente lá, tornando esse lado mais duro e menos propenso às erupções de magma com os impactos subseqüentes.

Olhando para o lado de cá do satélite, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) participará, no dia 6 de setembro, do evento anual International Observe the Moon Night – a “Noite Internacional para Observar a Lua” (mais informações na seção Vale a Pena Conferir do portal). O MAST convida a todos a olhar, em uma edição especial do Programa de Observação do Céu, para o objeto celeste que encanta a humanidade desde que o mundo virou mundo.

Fontes:
http://news.psu.edu/story/317841/2014/06/09/research/55-year-old-dark-side-moon-mystery-solved
http://en.wikipedia.org/wiki/Far_side_of_the_Moon


Imagem do lado oculto da lua, feita pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter, da NASA.