A luz que chega do universo
E fez-se a luz

A radiação cósmica de fundo em micro-ondas é um "fóssil" de uma época em que o Universo era muito novo, uns 300 mil anos após o Big Bang. Nos primeiros milênios de vida do Universo, tanto a matéria como a luz não podiam se mover livremente, pois ambas estavam acopladas, como se fala tecnicamente. Quando aos núcleos atômicos ligaram-se aos elétrons a radiação (os fótons) permaneceu livre para se mover pelo espaço sem obstáculo. A partir desse momento, o Universo tornou-se transparente e, de fato, a radiação procedente desse momento é a primeira luz que conseguimos observar do nosso Universo.

A radiação de fundo em micro-ondas é aproximadamente isotrópica, isto é, tem uma temperatura média de -270ºC independente da direção que se mede no céu. Porém numa escala micrométrica existem pequenas diferenças de temperatura, o que os cientistas chamam de anisotropias, que correspondem às regiões mais quentes (vermelhas) e mais frias (azuis) da imagem. Esses lugares mais quentes são também os mais densos. Eles foram as sementes a partir das quais se formaram as estruturas complexas do Universo.
Descoberta da radiação de fundo
A radiação de fundo em micro-ondas, foi descoberta, por acaso, pelos engenheiros norte-americanos Arno Penzias e Robert Wilson, quando trabalhavam na implementação de um receptor muito sensível construído originalmente para pesquisa em radioastronomia, nos Laboratórios Bell, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Eles detectaram umas interferências cujas origens não foram capazes de explicar, chegando até mesmo a pensar que o problema provinha dos excrementos dos pássaros que faziam ninhos na antena do receptor. Entretanto, ao avaliarem, juntos com os astrofísicos da Universidade de Princeton, a radiação residual que continuavam registrando eles concluíram que tinham encontrado a radiação de fundo em micro-ondas!
Formação das
estruturas do universo
Com o tempo, algumas regiões ligeiramente mais densas do Universo cresceram pela ação da gravidade, formando nuvens gigantes de gás e poeira, que mais tarde deram forma às galáxias e às estrelas. Nosso Sistema Solar foi criado a partir do colapso gravitacional de uma nuvem molecular há 5 bilhões de anos. A maior parte da massa (99% aproximadamente) se concentrou na região central da nuvem formando a protoestrela; o 1% restante se aglutinou em forma de disco, girando em torno dela, devido à conservação do momento angular. Os diferentes planetas começaram como grãos de poeira e foram crescendo ao longo dos milhões de anos por um mecanismo conhecido como acreção.