A luz e a arte


A interação do homem com a natureza, em específico com as luzes e a as cores promovem uma gama de diversos questionamentos, sensações e emoções que são empregados na arte. Por meio da luz, percebemos infinitas possibilidades de enxergar cores, sombras e volumes que produzem a compreensão sobre a plasticidade da imagem. O estudo minucioso da luz e das cores confere ao artista a primazia da forma ou do prolongamento da natureza na arte.

O significado agregado às cores é ainda aliado a uma intenção e percepção estética que atribui valor a cada diferente momento histórico e contexto social. Ao mesmo tempo, é importante mencionar que as técnicas desenvolvidas para retratar as cores e as luzes naturais na concepção artística não se resumem a uma relação de regras, mas a um rico amalgama de idéias físicas, metafísicas e culturais.

Embora ainda não tivesse anoitecido, os postes da praça estavam iluminados; as luzes elétricas se multiplicavam no asfalto molhado, em meio ao reflexo plúmbeo do entardecer que gravitava sobre Nice. O tango da Velha Guarda. Arturo Pérez Reverte, 2013

Renné Magritte
O Império das Luzes
146 x 114 cm
1954

Vincent van Gogh
Noite estrelada (Ciprestes e Vila)
73,7 x 92,1 cm
1889
Paisagem da janela da cela no sanatório Saint-Rémy.
Representação de um cenário, o qual o protagonista é um céu estrelado. As formas ultrapassam os limites da realidade, passando ao campo da sensibilidade, bastante emocional. O brilho das estrelas e da Lua é bem significativo, demonstrado pelas pinceladas sinuosas e em formatos concêntricos, transmitindo uma forte vibração da luz. Também, demarca as primeiras luzes do amanhecer surgindo nas colinas ao fundo do cenário.

Arcangelo Ianelli
Sinfonia em azul
180 x 130 cm
1976
Representação do conceito de abstração cromática.
O protagonista desta obra é o estudo sobre as cores. Trabalha com as tonalidades das cores e com os grafismos geométricos. Estabelece relações criadas por planos puros de cor com variações tonais de azuis, onde percebemos delicadeza, simetrias e jogos de cheios e vazios. A variação das matizes e das saturações das cores aliadas a delimitação dos planos por linhas em contraste permitem o estabelecimento das noções de profundidade e figura/fundo.

Jan van Eyck
O Casal Arnolfini
82 x 60 cm
1434
Representação de um casal em Bruges.
A utilização das cores complementares, do jogo de sombras, da reprodução da luz que entra suavemente pela janela e do espelho ao fundo refletindo a alcova realçam a volumetria e a perspectiva da alcova. Também, existe uma série de elementos simbólicos na obra: a esposa grávida – iluminada pela luz; a prosperidade do casal – uso de objetos e cores (vermelhos, verdes, laranjas...); a composição, cerimoniosa e teatral, entre outros.

Pierre Auguste Renoir
O Balanço
92 x 73cm
1876
Representação da luz sobre os elementos presentes no jardim da Rua Cortot.
A composição é produzida por uma paleta colorida, sendo que os objetos mudam de tonalidade de acordo com o movimento da luz. Os raios solares são filtrados pelos galhos e folhas das árvores, promovendo um jogo de sombras e luz refletido nas pessoas e nas formas. A face feminina expressa doçura e afeição. Esta obra é pintada ao ar livre, procurando transmitir a impressão visualizada naquele momento do dia.

J. M. William Turner
Luz e Cor
78,5 x 78,5 cm
1843
As cores são fundamentais para construção da composição.
A luz é representada por pinceladas concêntricas e difusas. As cores mais frias (azuis e roxos) representam o céu e as nuvens; as cores mais quentes (laranjas, vermelhos e amarelos), à incisão da luz tocando no cenário. As variações da matiz e da saturação das cores possibilitam o entendimento das formas, pessoas, nuvens, ondas e objetos imersos em uma paisagem menos definida e ainda reforçam o simbolismo da cena.

Claude Monet
Impressão, Sol Nascente
48 x 63 cm
1873
Representação da luz da aurora no porto de Havre.
Obtida pelo emprego de cores complementares - laranjas e azuis - combinadas com matizes acinzentadas. A luz é protagonista desta obra de arte, sendo representada pelos raios solares refletidos nas nuvens, na água e nos demais elementos da paisagem. Também, destacam-se as sombras e o efeito das brumas no todo do cenário. Esta obra é pintada ao ar livre, procurando transmitir a impressão visualizada naquele momento do dia.
O homem identifica-se cromaticamente, quando prefere umas cores, despreza outras e é indiferente ao restante. Também utiliza cores como símbolo, para identificar-se com algum grupo humano. Além disso, todo pintor se inicia com o problema de encontrar a sua identificação cromática, quer dizer, sua paleta, cujas dominantes revelem sua personalidade. A mística da cor. Juan Acha, 1984

Ivo Almico
Objeto 5
100 x 100 cm
2008
Composição pictórica concebida por observação de um Altazimute prismático instrumento do acervo do Mast, local de vivência cotidiana do artista. A palheta mais evidente deriva de amarelos, laranjas, vermelhos e suas relações tonais, delimitadas por linhas azuis e vermelhas que juntas definem formas, volumes e perspectiva. Utiliza cores ora mais claras, ora mais escuras para representar luz e sombras, iluminando as engrenagens do instrumento, dando dramaticidade a composição.