Einstein e o eclipse de Sobral


O espectrógrafo é um aparelho capaz de nos fornecer várias informações através da luz. Ele decompõe a luz nas suas diversas cores (espectros) e com isso podemos obter dados sobre a fonte emissora. Por exemplo, através da análise do espectro da luz solar pode-se identificar os elementos químicos presentes no Sol, sua abundância e até a temperatura das diversas camadas da atmosfera solar onde estes elementos químicos se encontram. Algumas dessas camadas só podem ser analisadas por ocasião de um eclipse. O TESTE DA CHAMA é um método de identificação, principalmente de íons metálicos, utilizado na análise química. Neste ensaio, quando uma amostra que se quer analisar é aquecida na chama do bico de Bunsen, ela emite luz, cuja cor é característica dos átomos presentes.

A Teoria da Gravitação Universal de Newton considera a gravidade como uma força que atua à distância entre massas de forma atrativa. Newton entendia a luz como uma partícula e sua teoria previa que a luz de uma estrela seria desviada ao passar bem perto do Sol, devido à atração de sua grande massa.

Já a Teoria Geral da Relatividade de Einstein considera a gravidade como uma deformação do Espaço-Tempo. Sua teoria também previa que a luz de uma estrela seria desviada ao passar perto do Sol, devido à deformação no Espaço-Tempo causada pela sua grande massa. Porém o desvio seria pouco mais do que o dobro do previsto por Newton. A oportunidade de se provar quem estava certo veio com o eclipse solar total de 1919.

Com a Lua totalmente na frente do Sol, pode-se fotografar as estrelas perto dele, que de outra forma não seriam vistas. Comparando esta foto com outra da mesma região do céu sem o Sol (alguns meses depois da data do eclipse), poderia se medir o desvio das estrelas.

Como neste eclipse a sombra da Lua passaria pelo Brasil, coube ao então diretor do Observatório Nacional, Henrique Morize (1860-1930) a indicação do melhor local para a observação do eclipse. O local escolhido foi a cidade de Sobral/CE e um acampamento astronômico foi montado lá. A delegação inglesa seria a responsável pelas chapas fotográficas, enquanto a equipe brasileira tinha como objetivo estudar a forma e a disposição da Coroa Solar, assim como sua composição através de imagens espectrógrafas.

Os observadores ingleses conseguiram tirar várias fotografias que foram utilizadas no cálculo da curvatura dos raios luminosos e dar a vitória à teoria de Einstein.

Em maio de 1925, o próprio Einstein, em visita ao Observatório Nacional, agradeceu a contribuição da expedição à Sobral para a comprovação de sua teoria.